quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Comunicação - educação e civilidade

Empresas buscam complexos e sofisticados meios para melhorar a comunicação entre seus funcionários – uma técnica que envolve elaborada estratégia e constante busca por melhores ferramentas e processos. Conduzi-la com eficiência e simplicidade é trabalho difícil, quase artesanal, e por melhor que seja a qualidade da sua realização, nada do que se faça garante o sucesso da intenção. 

Quando bem conduzida, torna-se uma poderosa ferramenta de gestão, pois funciona como um amálgama unindo os interesses entre departamentos e pessoas. Ao lado da falta de capital de giro, a comunicação é um dos principais problemas das empresas.

Hoje considerada responsabilidade de gestores especializados, normalmente jornalistas, RPs ou publicitários, a comunicação poderia ser mais eficiente se cada funcionário fizesse a sua parte. E essa, a meu ver, está em sermos mais educados no ambiente em que trabalhamos. Quando falo em educação, falo no sentido da civilidade e dos bons modos. Explico melhor.

Vamos começar pelo nosso costume em não devolver ou fornecer informações às pessoas com as quais estamos realizando algum trabalho. A isso damos o nome de feedback ou retorno. Se dermos notícias precisas, constantes e na dose certa sobre o andamento dos trabalhos, os processos fluiriam melhor e as decisões poderiam ser tomadas no tempo certo. 

Um péssimo costume é o de não escutarmos com atenção o que o outro está dizendo. Normalmente, estamos mais focados em nossa opinião sobre o assunto em tratativa do que na fala do outro. Muitas vezes, de forma pouco educada, cortamos o interlocutor para apresentar apressadamente o que pensamos a respeito do tema, e não nos damos tempo para escutar e refletir sobre o que está sendo dito. Que tal se começássemos a praticar a arte da escuta ativa? Isso mesmo, escutar mais do que falar, mas escutar mesmo, com atenção, a fala do outro. 

Outra ideia é adicionar ao mundo corporativo a prática do elogio e do reconhecimento. Estamos tão presos ao hábito da crítica, do julgamento e da condenação, costumes que andam pari passu com a rádio-peão e a fofoca – eternos inimigos da boa comunicação – que nos esquecemos da força dos elogios e deterioramos os processos comunicativos. Se começarmos a elogiar e a reconhecer os bons feitos dos nossos parceiros, com certeza a qualidade geral do ambiente e dos trabalhos melhorará muito. 

A conversa fútil e a tagarelice também se apresentam como inimigas da boa comunicação. Deixe morrer em você as últimas notícias da rádio-peão que ouvir e estará prestando importante colaboração ao grupo ao qual pertence e principalmente a si próprio. Plutarco, pensador romano, escreveu um belíssimo tratado sobre os perigos da tagarelice.

Comunicar quer dizer: tornar comum, partilhar. Muitos, por insegurança, inveja e falta de colaboração com os parceiros, guardam para si as informações, muitas vezes preciosas, não repartindo o que sabem. Com isso, travam processos e induzem a erros. Ambiente empresarial exige cumplicidade, palavra que significa andar juntos em comunhão de interesses. E essa vai pedir uma colaboração constante, ou seja, deve-se acompanhar o raciocínio do outro e também dizer menos “nãos”. 

O mundo corporativo, como no futebol, exige que seus protagonistas conversem mais entre si, sobre o que estão pensando e fazendo. Hoje essa conversa está centrada na ferramenta e-mail e não na conversa pessoal. Contribuiríamos muito com a fluidez e o entendimento da comunicação se saíssemos da frente dos computadores e fôssemos conversar com nossos parceiros. Manter a conversa sempre é o segredo do negócio e passar e-mail não é sinal de que o trabalho andou ou foi bem interpretado. O maior erro da comunicação é pensar que ela se processou.

Fonte: Eloi Zanetti

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O futuro na comunicação empresarial


Não se trata de uma brincadeira de adivinhação ou uma suposição fantástica sobre como será o futuro para as pretensões da ciência aplicada conhecida por comunicação empresarial. Trata-se de como a comunicação empresarial pode, por meio da vanguarda que encerra a pesquisa científica em sua essência, ajudar a desvendar as tendências sobre o futuro e reduzir suas incertezas. Apesar de parecer dispensável, este exercício pode manter vivos momentos de discussão que transcendem o cotidiano dos afazeres e resultem na tarefa de repensar constantemente a gestão das organizações.

Seja sobre o futuro da tecnologia aplicada às ferramentas de comunicação e suas utilidades, seja sobre o futuro da vida em sociedade e seus reflexos nas organizações, o conhecimento atual, somado às tendências levantadas cientificamente deverão nortear o planejamento da comunicação empresarial e da própria organização para livrar a todos do perigo e das armadilhas da ignorância, sob pena de vivermos num clima de infinita teoria conspiradora, onde o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o natural e o artificial se confundem nas percepções e induzem a organização e seus atores a erros.

Na medida em que, por meio do seu processo de gestão, a comunicação empresarial em conjunto com as demais especialidades da organização pode trazer à realidade evidências que objetivam intenções de ação numa perspectiva futura, de planejamento a partir da construção de cenários, podemos correr menos riscos de sermos conspiradores agindo contra nós mesmos, parecendo gestores lunáticos repousados na excentricidade, no bizarro, na insanidade, no extremo.

A construção de cenários futuros pode ter uma contribuição decisiva da comunicação
empresarial pela capacidade de abstração de seus profissionais. As áreas de planejamento e gestão deveriam deter um pouco mais o olhar para este aspecto e não deixar o processo de planejamento enveredar num viés reducionista que pode não considerar outras variáveis críticas, fatores controláveis e incontroláveis que transformam a visão sobre o futuro numa imagem opaca.

O futuro, na comunicação empresarial, deverá considerar uma gestão ainda mais próxima do orgânico, onde seu caráter transversal implique na implementação de conselhos gestores para temas que a estrutura convencional da organização não consiga dar conta da resolução de problemas no contexto atual e futuro. Lançar novos olhares sobre a comunicação empresarial e imprimir-lhe maior virtualidade estrutural e flexibilidade operacional requer também um novo pensamento acadêmico-científico sobre esse campo de estudo, formando agentes de mudança a partir de uma reintegração entre a organização e a universidade.

Muitos esforços vêm sendo feitos nesse sentido, mas os fatores de produtividade e lucratividade ligados à produção de bens e a oferta de serviços ainda são dominantes nas organizações e nas universidades. Talvez ainda estejamos enxergando apenas a parte visível de um iceberg, há muito por ser desvendado sobre as potencialidades da comunicação empresarial no que não está visível, pois permanece submerso num oceano tecnocrático.

Fonte: Paul Edman

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Reflexões sobre como contar histórias em ambiente organizacional

As narrativas são eficientes meios de interação, pois comunicam, fornecem e transmitem informações. Esse ato está encontrando uma nova forma e novos objetivos na mídia tecnologizada. Não interessam mais só as qualidades do produto em si, como argumento para a venda, mas interessa também criar uma narrativa em que a trajetória da organização seja inspiradora e crie conexões que podem desencadear relações e, por conseguinte, amparar negócios. Contar histórias através de várias mídias é algo básico, essencial, simples e poderoso.

Lucena Filho, Villegas e Oliveira (2008) atestam que as histórias acompanham as origens sociais do ser humano na tradição oral e escrita. Sempre que uma história é contada, fala dos atores e dos feitos em contexto particular e apresenta experiências que contribuem para a aprendizagem dos narradores, leitores ou ouvintes. Segundo o contexto no qual é criada/estruturada, a história pode gerar espaços de reflexão do passado e inspiração para a transformação do futuro. A evocação de uma vida particular utiliza componentes das grandes histórias, ainda que desejando assumir uma singularidade ou um ineditismo. Em geral, serve-se da primeira infância e delineia uma trama de acontecimentos – cuja ligação, sincronia ou adversidade são constatados muitas vezes durante a própria fala, numa narrativa que contem conflitos, personagens (protagonistas, figurantes e extras), cenários e transições. Não é raro que uma história contenha fatos agregados ou minimamente inspirados em materiais narrativos de outras pessoas – numa contaminação natural e irrecusável.

A presença do contador de histórias ressurgiu a partir da década de 70 em vários países do mundo. Foi um retorno considerado surpreendente, tendo em vista a industrialização, a urbanização, a tecnologia e a tendência à intermediação. O contador de histórias, segundo pesquisa de Busatto (2006), recebeu vários nomes ao longo do tempo: era o ‘rapsodo’ para os gregos; o ‘griot’ para os africanos; o ‘bardo’ para os celtas, todos empenhados na narração oral como via para organizar o caos e perpetuar e propagar os mitos fundacionais de suas culturas, como “portador da voz poética”, nas palavras de Zumthor (1993) - a gestualidade própria do contador requer uma totalidade, ela recusa a distância interpretativa e elimina a alegoria. O corpo molda o discurso, com os gestos que engendra no espaço, explicitando, num desenho em movimento, a forma externa do poema. É essa forma que substituirá na memória depois que as palavras se calarem.

A preparação da contação de histórias pressupõe um equilíbrio entre treinamento prévio e improvisação. Fazer um roteiro é um caminho, ainda que reconhecendo o inesperado das intervenções ao vivo, onde devem constar os elementos que devem ser evocados, sua ordem e ênfase. A apresentação em si requer estar à disposição do momento narrativo, com a energia embutida e reconhecida pela plateia. Nesta tarefa, convém estar livre de qualquer obstáculo físico, como um púlpito, um microfone muito visível ou mesmo um bloco de anotações, e por isto a expressão corporal ganha relevância. É o instante de ter cuidado com expressões faciais ou movimentos, embora não a ponto de ser uma atuação, e também com o ritmo e o volume da voz, preservando um necessário estado de alerta (DENNING, 2006).

É preciso separar o tema da história do seu argumento, ou seja o que se fala e as relações causais entre os acontecimentos. Também é preciso diferenciar a trama (estrutura ou aparato mecânico da história) do sentido (a verdade desejada a transmitir). Outro ponto fundamental na elaboração de histórias são os conflitos. Pode-se falar basicamente de três tipos: conflitos internos dos personagens com eles mesmos; conflitos externos entre personagens ; e destes com o ambiente. Os relatos que contiverem estas modalidades misturadas têm mais possibilidade de persuasão e relevância no tempo, com mais uma chance  de identificação junto a quem ouve. O mundo empresarial, em geral, é reticente em introduzir estes embates do ‘princípio de antagonismo’ (NÚÑEZ, 2009).

O ponto da narrativa é a sua razão de ser, além disto precisa ser contável, isto é fazer referência a algo extraordinário ou mesmo comum mas com um grande ensinamento sugerido. A mensagem central e a reportabilidade são componentes que garantem a carga dramática e o clima emocional, onde o narrador utiliza recursos linguísticos-discursivos, conforme ensina Bastos (2004), como intensificadores lexicais (como uma briga muito feia), fonologia expressiva (alongar vogais, como uma briga muuuuuiito feia; ou acelerar ou diminuir o ritmo da fala e aumentar ou abaixar o volume da voz), repetições (tipo uma briga muuuuiito feia, mas muuuuiito feia mesmo).

Uma análise importante na ‘Economia da Atenção’ é a impaciência das pessoas para esperar o desenrolar tradicional da apresentação, nó e desenlace de uma história. Por isto, uma recomendação tem sido começar pelo clímax. Nesta mesma linha perceptiva, a narração cronológica perde espaço para o uso da retrospecção (ou flash-backs), antecipação e elipse (omissão voluntária de trechos). Diz Machado (2004) que “a experiência estética da escuta depende da cadência do narrador; o ritmo da narração é fundamental na forma de contar”, sendo importante pensar na modulação de voz e na expressividade dos silêncios, dos gestos corporais derivados e do direcionamento do olhar. Há sempre um desafio sobre o tempo oferecido pelos demais interlocutores para ouvir uma história plenamente desenvolvida, sobremaneira a ponto destes abrirem um espaço mental para relacionar a narrativa a seus universos particulares.

Taylor et al. (apud BRUSAMOLIN; MORESI, 2008) investigaram por que algumas narrativas são mais efetivas que outras, sendo que a estética da história pode ser selecionada segundo os seguintes aspectos: sentimento de significado – a intuição do ouvinte tende a acreditar na história; conectividade – a história desperta ressonância no ouvinte, que viveu experiência semelhante; apreciada por si mesma – a história é agradável e por isso aceita pelos ouvintes, que reduzem seus filtros críticos e possíveis questionamentos.

Alex Pentland, em recentes pesquisas no Human Dynamics Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), afirma que o teor do discurso pesa menos do que o modo como se expressa. Tudo é pensado a partir dos “sinais honestos, pistas não verbais que espécies sociais usam para se coordenar – gestos, expressões, tom de voz. [Eles] são singulares porque provocam alterações no receptor do sinal”. O estudioso, naturalmente, não dispensa a análise sobre o conteúdo do discurso, que pesaria mais para o sucesso a longo prazo, mas postula a importância de cuidar do formato da narrativa.

Há visões que indicam que performances de contadores de histórias contêm muitas das condições necessárias para induzir transes, aqui entendidos como estado de consciência voltado para dentro da pessoa, de tal forma que os olhos dos ouvintes possam estar no contador, porém suas consciências estão voltadas para dentro delas mesmas. É o que Benson (apud SUNWOLF, 2005, p.311) fala sobre “resposta relaxante”, quando os ouvintes encontram-se relaxados, abertos para uma retenção mais ativa daquilo que está sendo dito e ficam menos defensivos. Uma boa narrativa é aquela que podemos aceitar ou rejeitar e, paradoxalmente, tal liberdade torna mais provável a aceitação.

Fonte: Rodrigo Cogo

sábado, 17 de dezembro de 2011

Transparência é fundamental


Quais as lições que se pode tirar quando uma empresa não conta toda a verdade sobre determinado assunto? Casos recentes nos setores de petróleo, bens de consumo e varejo são emblemáticos. Merecem ser analisados e suscitam reflexões sobre o trabalho de comunicação corporativa. Muitas vezes, a “culpa” por esses episódios é delegada à área de comunicação. Mas não: a culpa é de toda a companhia, que optou pela falta de transparência no seu relacionamento com a sociedade – e sofreu as consequências dessa opção.

A sociedade vem se transformando de forma incrivelmente rápida nos últimos anos, o que exige uma nova postura e uma quebra de paradigmas por parte das empresas. No passado, eram poucos os “atores” que contracenavam com a empresa no seu ambiente de negócio, em sua maioria restritos à cadeia de produção e com estruturas hierárquicas bastante similares. As regras de atuação no mercado eram estáveis e conhecidas.

Como bem definiu em palestra recente o executivo da área sustentabilidade da Fibria, Carlos Alberto Roxo, essas regras hoje são mutantes, as empresas contracenam com inúmeros atores, que estão inseridos em uma sociedade conectada em rede. Diz ainda que esses atores possuem estruturas totalmente diferenciadas, que exigem das empresas “tradicionais” compromissos e respostas às novas demandas sociais e ambientais, demandas de repercussão global.
A maneira mais eficaz de responder a essas novas demandas e desafios impostos pela sociedade é agir com transparência. Aqui se ressalta o papel do comunicador. É ele o principal guardião e difusor de uma cultura de transparência dentro das organizações. Pois a transparência da comunicação gera credibilidade e reputação, e esses são os maiores patrimônios que um profissional de comunicação corporativa pode ter.

Junto ao público interno, o comunicador deve ser visto como um “advisor”, um especialista nos aspectos ligados à comunicação (entendida aqui no seu sentido mais amplo). Ele deve ser capaz de dar consultoria de alto nível, apoiar de forma eficaz e rápida a tomada de decisão, contribuir para agregar valor à companhia por meio de uma visão estratégica do negócio e zelar pelos aspectos ligados à sustentabilidade.

Perante o público externo, notadamente os formadores de opinião, o profissional de comunicação corporativa deve ser visto e percebido como ético e confiável, como alguém que prioriza a informação de qualidade e que nunca atua de forma dissimulada. A credibilidade do responsável pela comunicação de uma empresa junto a ex-colegas nas redações contribui para a reputação da própria companhia. De certa forma, ele “empresta” o seu prestígio pessoal à organização para a qual trabalha.

Isso porque credibilidade e reputação não são como um ativo que se pode “comprar” ou “conquistar” quando se deseja. É uma espécie de “poupança”, um patrimônio que se vai acumulando ao longo do tempo, aos poucos.

Valor inegociável

O profissional de comunicação deve estar ciente de que ninguém gosta de ser enganado, nem tampouco de ser informado apenas parcialmente sobre o que está de fato ocorrendo. Para o público interno, as conseqüências de uma comunicação pela metade podem ser frustrantes. O funcionário que descobrir a “verdade” por qualquer meio que seja (e perceber que esta verdade é distinta da qual imaginava), verá rompida a relação de confiança com seu empregador – relação essencial para seu engajamento e para a consolidação da cultura organizacional.

No relacionamento com os públicos externos formadores de opinião, o resultado de uma comunicação propositalmente parcial, tendenciosa ou camuflada pode ser desastroso. Esses públicos, notadamente a imprensa, entendem perfeitamente que determinadas informações não podem ser divulgadas – por conta de limitações legais, por exigência dos órgãos reguladores ou por razões estratégicas do próprio negócio. O problema é que existe uma barreira ética entre a postura de não estar autorizado a comentar determinado assunto e a decisão deliberada de sonegar, mentir ou manipular informações.

Determinadas companhias podem até considerar tênue essa linha que separa os dois comportamentos. A questão é que a ética é um valor inegociável.

No caso do profissional de comunicação, a firmeza de propósitos e a ética devem vir em primeiro lugar na sua escala de valores. Sua reputação e credibilidade dependem da confiança conquistada ao longo de sua vida e de sua carreira perante todos os seus interlocutores.

A convivência desse profissional com uma empresa pouco ética pode macular sua própria reputação, pode contaminar sua credibilidade no mercado. Por isso o profissional deve vincular sua “marca” pessoal a uma boa marca empresarial – uma companhia que tenha valores alinhados aos seus e uma postura eticamente irretocável. Afinal, transparência e ética andam de mãos dadas.

Claro que defender uma política de transparência na empresa pode ser uma missão nada fácil para o comunicador. Em muitos casos, ela implica em uma mudança cultural, que considere a prestação de contas à sociedade como algo mandatório para o desenvolvimento dos negócios. É um dos principais desafios do comunicador.

Carlos Alberto Roxo define a sustentabilidade não como um alvo a ser atingido, mas como “uma estrada com um final que se desloca continuamente”. O importante, diz ele, é a empresa não se desviar desse caminho.

Temas sensíveis

Agir com transparência significa abordar qualquer assunto, tratar dos chamados “temas sensíveis”, encarar todos os problemas. Significa assumir no discurso institucional que os problemas “existem”.

Muitas vezes, nos “media trainings” e preparações de porta-vozes para entrevistas, nós, especialistas em comunicação, recomendamos que os executivos evitem frases do tipo “o problema é que...”, ou “quando temos esse tipo de problema...”
Como se, numa espécie de exercício neurolinguístico dos porta-vozes, esse problema deixasse de existir. Eventualmente essa postura pode até dar bons resultados na mídia. Mas será correto fingir que o problema existe?
Melhor optar pela transparência. Sempre. A sociedade agradece.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A boa e velha "nova tecnologia"

Ao chegar a uma loja de aparelhos eletrônicos, a impressão que muitos tem é que perdemos alguma parte da história. São tantas novidades. Tantas coisas antigas reinventadas. Tantos aparelhos e aplicativos. Tanta novidade que, ao comprar qualquer equipamento, dificilmente nos desvencilhamos da sensação de que em questão de dias teremos algo obsoleto.
Passamos muito tempo pensando desta forma, passeando por várias lojas, e acabamos por não comprar nada, afinal, daqui a pouco lançam uma novidade melhor.

E quando este sentimento nos acomete profissionalmente?

Já não são poucas as vezes que fui consultado sobre o valor das novas tecnologias para o ambiente corporativo. As dúvidas praticamente se repetem na maioria dos casos.

Desde questionamentos éticos até os debates de autonomia e engajamento, tudo parece caber na seara digital. Ao responder, busco sempre compreender o que de fato motiva tantas perguntas. Em algumas empresas o que se procura é uma justificativa para usar as redes sociais. Em outras, busca-se o oposto, uma forma de condenar seus riscos a fim de garantir a aparente calmaria dos anos anteriores. Outros tantos profissionais questionam com franqueza e desejo de se aprofundar em algo tido como novo. Mas até que ponto já estamos pensando no trabalho cotidiano de modo inovador?

Com tantas inovações, muitas empresas estão revitalizando, por exemplo, seu canais de comunicação. São murais eletrônicos, canais corporativos de televisão, newsletter interativa. Mas convenhamos que estas são inovações do passado. São remodelagens para um conteúdo muitas vezes sutilmente alterado.

Ainda nos dias de hoje é difícil citar alguns exemplos de empresas que já criaram aplicativos para celular, ou mais conhecidos como APP, que fossem direcionados para seus colaboradores. Encontramos muitos aplicativos para clientes, para leitores, para grupos de profissionais, ou seja, para os outros. Raros casos nos quais dedicamos tempo e investimento para atingir positivamente as potencialidades tecnológicas quando o assunto é o próprio colaborador.

É claro que a realidade tecnológica e cultural do brasileiro é extremamente variada, mas em um país cujas linhas telefônicas já superam o número de habitantes, poucas são as grandes ações que utilizam o celular como veículo de comunicação de forma não-invasiva.

Há alguns anos a publicidade já encontrou maneiras interessantes de trabalhar com esta mídia mas ainda hoje os jornalistas das grandes redações continuam recebendo centenas de releases à moda dos idos anos 80. Por vezes alguns jornais murais corporativos acabam apenas ganhando um bom layout, mas o investimento em capacitação contínua do profissional de comunicação fica relegado às próprias custas.

Como os profissionais da comunicação empresarial podem realmente utilizar as inovações tecnológicas se poucos tem a oportunidade de serem treinados, de participarem realmente de um processo contínuo de evolução do conhecimento e das habilidades?

Para ter uma visão rápida deste cenário, basta tentar descobrir quantas pessoas ao nosso redor conhecem medianamente tecnologias como NFT, do inglês Near Field Communication, ou sequer o QR Code, ou Quick Response Code, duas tecnologias hoje simples, que na mão de jovens e artistas tem ganhado significados diversos e ricos, e que passam silenciosas pelos horizontes empresariais. Se inclusive o que está tanto em pauta nos dias de hoje é amplamente desconhecido, como falar da Espiral do Silêncio, nossa velha conhecida, ou das evoluções nas teorias de comunicação?
O encantamento com a tecnologia está fazendo com que sejamos aqueles compradores na loja de tablet. Tudo parece estar brilhando, impecável e às vias de ser ultrapassado. Tanto que nos basta um olhar desatento para aparentar conhecimento profundo da tecnologia.

Imagine quantos são os celulares que passeiam pelos elevadores das empresas, sendo que poucos deles fazem algo diferente do que levar o nosso colaborador a um universo completamente apartado da empresa. Isso ocorre pois ainda nos dias atuais as empresas muitas vezes pensam na internet como o pote de ouro no final do arco-íris, mas por onde apenas os clientes transitam. Fornecedores, colaboradores, acionistas. Tantos públicos mal são considerados.

Antes que haja um ponto final neste texto, se faz mister relembrar que, da mesma forma que a internet tem sido tanto sub quanto superestimada, não basta mergulhar nas ondas da web sem ter se preparado para um choque cultural. Poucas são as empresas que já estão culturalmente preparadas para um novo paradigma tecnológico.  Mesmo que haja o desejo sincero de inovar, parte disso depende de muito esforço, treinamento, abertura e, tão importante quanto, valorização dos próprios colaboradores.

A internet, hoje apelidada grosseiramente de 2.0, não é só mais um ambiente de negócios. Ela é parte da sociedade. Já se tornou parte da esfera pública. É fator de transformação. Se estes reflexos ainda não foram profundamente percebidos em sua empresa, grosso modo, ou há negligência e as transformações tem sido sistematicamente ignoradas ou a zona de conforto atingiu a grande base corporativa, que pode estar rumando para a obsolescência generalizada não mais apenas da estrutura, mas também do grupo de colaboradores que constroem a alma da corporação.

Fonte: Mauricio Felício

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Relacionamento de valor



Os aspectos político e comercial são, desde o século XVIII, os pilares históricos da relação entre empresas, imprensa e sociedade.

Diante das transformações provocadas pela indústria, a imprensa, inicialmente os jornais, consolidou sua identidade de grande formador de opinião sobre os temas avaliados pela redação como de interesse da sociedade moderna. O poder de falar rapidamente com todos sobre produtos e serviços sob o ponto de vista do veículo de comunicação foi decisivo para transformar leitores em eleitores e também em consumidores, comunicando idéias e produtos. 

A partir de uma visão virtuosa, pode-se afirmar legitimamente que a imprensa contribuiu para o sucesso ou a derrocada de personalidades, empresas e instituições. Para exemplificar a força do protagonismo da imprensa, destaco do início dos anos 1900, a ação do jornalista norte-americano Ivy Lee, que organizou e civilizou o relacionamento do magnata norte-americano John Rockfeller, seu cliente, com os principais jornais dos Estados Unidos. Rockfeller era odiado e identificado pela sociedade, trabalhadores, autoridades, comunidade e principalmente pelos sindicatos como um “robber-baron”, um barão-ladrão, uma expressão pejorativa, sinônimo de monopolista, capitalista selvagem; eram alguns dos xingamentos amplificados pela imprensa da época, que lembram as atuais palavras de ordem contra o capitalismo financeiro ecoadas por movimentos como “Ocupe Wall Street”, em Nova York, e os seus similares em outras grandes cidades. Rockfeller precisava defender e legitimar os seus negócios, antes que a sociedade acabasse com eles. E nesse ambiente, Lee entrou em campo e criou pioneiramente uma nova imagem para Rockfeller ao fazer-lhe uma série de recomendações de como se relacionar com a mídia. Lee tinha amigos nas principais redações e endereçou-lhes uma carta de princípios em que se colocava, como porta-voz de Rockfeller, sempre à disposição dos jornalistas para fornecer notícias verdadeiras. O seu “manual” recomendava visitas das fontes às redações, simulações de entrevistas, entre outras ações e marcou o início das relações públicas contemporâneas. E, também, o prosseguimento, em um patamar mais sofisticado das – nem sempre pacíficas – relações entre as fontes empresariais e os jornalistas sedentos por informações, principalmente nas situações em que as empresas apresentavam problemas de competência, legalidade ou legitimidade.

Hoje no Brasil as empresas presentes no ranking “Melhores & Maiores (As 1000 maiores empresas do Brasil)”, editado pela Editora Abril, contam com áreas e agências especializadas em relacionamento com a imprensa. O tema, nos últimos 50 anos, é o mais estudado por comunicadores e professores no campo profissional e acadêmico. Na prática, todos sabem que a excelência nessa relação é ameaça e oportunidade. Más notícias geradas por crises atraem os olhos da imprensa, que tem forte comportamento de matilha: está sempre pronta para destroçar a vítima que sangra. Nesses momentos são testados duramente pela imprensa os valores prometidos em ideários, muitas vezes até banalizados pela comunicação empresarial, como a ética, a verdade e a transparência. Mas, felizmente, o cotidiano das empresas contém também boas notícias, que exemplificam a utilidade e a transcendência do negócio, reforçam a percepção das marcas e os atributos dos líderes. E, mais do que nunca, legitimam e transformam empresas em instituições.

Fonte: Paulo Nassar

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Análise de Redes Sociais no diagnóstico das relações no contexto das organizações

A comunicação no contexto das organizações se efetiva na relação estabelecida entre os membros da organização e destes com redes externas. Nessa perspectiva, não basta conhecer o público, é preciso saber como ele se relaciona. 
Para reconhecer a comunicação a partir dos vínculos diretos e indiretos, propõe-se mapear a rede de relações resultante das trocas informacionais, feitas de forma presencial ou mediada por uma pessoa, ou por meios como o telefone, e-mail ou documentos. Ao analisar a comunicação por esta perspectiva, a Análise de Redes Sociais (ARS) possibilita identificar, dentre outras, as pessoas que retêm a informação, as mais influentes e centrais, bem como as mais periféricas e isoladas do grupo.

Assim, é possível detectar relações de cooperação e conflito, bem como avaliar as competências e o poder de cada membro da organização, a influência da hierarquia e de interesses individuais, as interações dentro dos setores e transetoriais. No âmbito das redes externas, cabe considerar, por exemplo, o atendimento, a captação de informações que possibilitem adequar a organização às demandas e as relações estabelecidas com outras organizações.

A população da rede a ser analisada pode ser delimitada a partir das relações mantidas por uma pessoa, ou dentro de um grupo com perfil específico e também mediante citações em cadeia. Os dados relacionais, obtidos com questionários que podem mesclar questões fechadas e abertas, são facilmente sistematizados por programas como o UCINET 6.0 for Windows. Utilizando o número um para identificar existência de relacionamento entre dois membros do grupo e o zero para a inexistência de relacionamento, os dados são lançados no programa em forma de matriz binária. A partir desses dados, ele fornece métricas relativas à estrutura do grupo e à posição e influência de cada ator na troca de informações, além de gerar a representação gráfica da rede. 

A análise de rede identifica os membros pelos quais passam os fluxos mais intensos, os que mais intermedeiam contatos ou aqueles cujo potencial pode ser mais bem explorado, além das conexões diretas e indiretas, o grau de reciprocidade e a interação dentro e entre os subgrupos. De forma análoga, também é possível identificar aqueles que dificultam o processo comunicacional.

A importância de um ator no acesso e disseminação da informação é revelada pelo volume e o tipo de ligações que possui, a posição que ocupa e a direção e intensidade do fluxo da informação. Um indivíduo é central em uma rede quando pode comunicar-se diretamente com muitos outros, está próximo de muitos atores ou, ainda, quando intermedeia muitos contatos.

Assim, a análise da comunicação organizacional sob o prisma das relações em rede, possibilita responder questões como: com quem cada indivíduo busca informação sobre determinado assunto; quais membros se conhecem ou quem tem acesso a quem; com que frequência trocam informações; se os colegas sabem com quem buscar cada tipo de informação; se utilizam tais fontes. 

Ao considerar a capacidade e os recursos informacionais de cada membro e sua competência em compartilhá-los, a análise das redes de relacionamento e informação oferece meios de aprimorar a comunicação, respeitando a autonomia e as diferenças individuais, bem como aspectos específicos do grupo e do contexto. Portanto, conhecer como a rede se desenvolve é identificar caminhos para otimizar o fluxo de informações e as relações do grupo, intensificando o compartilhamento e promovendo a formação de novos laços. É ter informações para trabalhar estrategicamente a comunicação no contexto da organização. 

Fonte: Ivone de Lourdes Oliveira 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O imperativo ético na comunicação corporativa

É significativa a participação das assessorias de imprensa, internas ou terceirizadas, na composição do conteúdo jornalístico da mídia brasileira, como canais de relacionamento de empresas, entidades de classe, governos e ong´s com jornais, revistas, rádios, televisões e sites jornalísticos da Web. Esse processo é aparentemente saudável, levando-se em conta que os veículos de comunicação, dentro dos limites compreensíveis no contexto do capitalismo, demonstram não ter recuado em seu grau de independência e caráter investigativo.

A condição de fonte recorrente da imprensa implica imensa responsabilidade no trato da informação, o bem mais precioso deste século. A prevalência da ética na divulgação de notícias, respostas precisas às indagações dos jornalistas e transparência no esclarecimento de dúvidas e no gerenciamento de crises constituem atitude condicionante ao sucesso da meta de aperfeiçoamento da sociedade, melhoria da qualidade da vida e avanço socioeconômico do País. Enganam-se os que entendem ser inviáveis tais práticas sob o crivo dos interesses estratégicos das organizações. Afinal, a ciência da comunicação, cada vez mais avançada, oferece todos os recursos necessários à conciliação das duas vertentes.

Não pode haver antagonismo entre a comunicação corporativa e os parâmetros éticos que permeiam a cultura contemporânea de urbanidade. Esta consciência é imprescindível para uma nação que ainda luta por sua inserção no primeiro mundo. Assim, é oportuno refletir sobre dois aspectos essenciais à discussão do tema, ambos relacionados à efetiva missão do assessor de imprensa, função que representa parcela expressiva do mercado de trabalho dos jornalistas.

A primeira reflexão refere-se ao fato de que o profissional de comunicação não deve agir como advogado! Assim, nos gerenciamentos de crise, atendimento à imprensa em casos de denúncias contra seu cliente ou em situações análogas, o assessor de imprensa deve limitar-se à transmissão de informações. O bom jornalismo recomenda que denunciados tenham o benefício da dúvida e desfrutem o direito de dar sua versão para o caso. É este o papel do assessor, informando com precisão à mídia, de preferência por escrito, as alegações de seu cliente ou abrindo espaço para que ele próprio se pronuncie. A defesa retórica, contudo, cabe ao Departamento Jurídico ou à banca advocatícia. O outro aspecto a ser considerado é não confundir o exercício do jornalismo nas assessorias de imprensa com lobby — atividade, aliás, ainda não entendida tanto quanto não regulamentada no País.

Tomados esses cuidados essenciais na ocorrência de crises ou em campanhas voltadas à defesa de um setor de atividade, causa ou empresa, o jornalista da assessoria de imprensa, quando age de modo correto, vive deliciosa e apaixonante atividade de pauteiro, viabilizando a veiculação de notícias de real interesse da sociedade e da organização para a qual trabalha. Sua atuação, somada à dos profissionais que atuam na mídia, é muito relevante, pois permite sinergia a uma civilização compulsivamente geradora de milhões de informações por segundo, e o acesso ao conhecimento propiciado pelos meios de comunicação é crucial, pois integra o ser humano no seu tempo e lhe outorga a cidadania.

Fonte: Marco Antônio Eid

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A comunicação pública: além dos políticos e dos partidos



No momento em que a União Européia passa por mais uma crise, desta vez provocada pela quebra da Grécia e pela imagem, principalmente política da Itália, os principais comunicadores públicos europeus se reuniram em Veneza, em 10 e 11 de novembro.

A reunião aconteceu no âmbito das comemorações dos 25 anos do Club of Venice, organização fundada em 1986, pelo professor italiano Stefano Rolando,  para integrar e fomentar o diálogo daqueles que pensam e fazem a comunicação pública da Europa.

Neste ano, a reunião teve como tema principal os aprendizados, os desafios e as perspectivas que a comunicação, que tem os cidadãos como razão de ser, tem pela frente, principalmente em um momento como o da crise européia.

A maioria dos palestrantes que falaram na Sala Monumental da Biblioteca Marciana, na Praça San Marco, fez questão de destacar que o cidadão tem o direito na sociedade democrática e digital à comunicação digital, o que significa nenhum tipo de barreira à mídia social, e  wi-fi abrangente.

Veneza é um exemplo de digitalização pública, como destacou na abertura da reunião o prefeito da cidade, Giorgio Orsoni. A cidade, quase imemorial, já é também uma cidade do futuro, quando olhada pelos seus recursos de comunicação digital ofertadas aos venezianos e seus milhões de visitantes.

O que se destacou, também, na reunião do Club of Venice é que a comunicação pública tradicional se cristalizou em propaganda de Estado. O que tem representado uma informação que os políticos e os partidos, usando recursos humanos e tecnológicos públicos, despejam na cabeça dos cidadãos, com o objetivo, quase explicito,  de se perpetuarem no poder. É esta comunicação de Estado manipuladora de fatos e números que está sendo responsabilizada aqui como uma das produtoras dos rombos nas contas públicas da Grécia e da Itália. Políticos, com a ajuda das máquinas de comunicação estatais e da mídia de massa controlada, maquiaram balanços até faltar dinheiro para pagar as contas do dia-a-dia.

A hora do branding público
 
Diante de uma comunicação de Estado questionada por uma realidade comunicacional em que todos, usando smartphones e redes sociais, se comunicam com todos, os comunicadores públicos que integram o Club of Venice defendem o branding público. Uma comunicação que valoriza os patrimônios simbólicos das sociedades, além dos estereótipos e da visão estritamente mercadológica, muitas vezes étnicos, econômicos,  territórios, etários e de gêneros. O chamado branding público quer comunicar e enraizar nas sociedades européias o direito dos cidadãos à informação pública transparente e temas importantes para sociedades, integradas por massas de imigrantes, velhos e jovens, como a solidariedade intergeracional, o voluntariado e uma visão cosmopolita do mundo.  É por isso que comunicadores brasileiros foram convidados, pela primeira vez, para falar no Club of Venice sobre a globalização da comunicação e a visão que os brasileiros têm da Europa.

Fonte:  Paulo Nassar

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quanto vale mudar o mundo?



Depois de passarmos pela década da informação, os dias atuais se pautam muito mais pela co-presencialidade. Parece estranho pensar que os tempos da informação se foram, mas é um pouco disso que vivenciamos cotidianamente.

Quando a curva de adesão à Internet mostrou seus traços iniciais, todos proclamaram o fim de uma era, como se tivéssemos um único ponto de transformação. Como se pudéssemos trabalhar em uma linha do tempo Antes da Internet e Depois da Internet. As mudanças já se preparavam para ganhar escala. O embrião estava lá, mesmo dentro das maiores ditaduras.

A transformação pede mais do que uma novidade, mais do que uma mudança. Pede novos paradigmas, pede um novo pensamento, que não se baseia exclusivamente no online, mesmo que tenha nele um dos seus pilares mais evidentes na manutenção de uma relação diferenciada com nossos diversos papéis sociais.

Da informação, mudamos para a participação, mesmo que fisicamente distante. Nos primeiros anos do milênio dávamos importância aos que tinham informações. Quanto mais, melhor. Hoje o valor, principalmente nas redes, está em quem sabe o que fazer com tanto conteúdo. Os articuladores, os agregadores, os curadores são mais preciosos do que os informativos.

Mesmo que isso remonte à classificação trina da pauta jornalística, por exemplo, entre o conteúdo informativo, interpretativo e opinativo, a questão em foco desce a patamares mais profundos.
A legitimidade, dentro do tabuleiro político das dinâmicas sociais, não se restringe ao espaço tangível, material e presencial.

Mesmo estando em um tempo de participação, não havemos de ser hipócritas ou cegos aos indícios de que parte dos traços da pseudo-participação se mantêm nos dias de hoje.

São tantas redes e sites de relacionamento, vídeos, campanhas, causas, bandeiras. Não somos capazes de manter um envolvimento real, profundo e dedicado com tudo.

Ou o cidadão virtual opta por causas próximas aos seus valores ou se permite ter uma participação superficial no todo, quase pueril.

Mas como agentes de mudanças, não nos resumimos aos que se dedicam ao stricto sensu ou ao lato sensu, mas podemos ser catalisadores. Podemos ser otimizadores.

Abaixo está um exemplo de um personagem, hoje global, que não levantou uma única bandeira em meio a uma passeata. Ele não estava nas ruas para fazer cair os ditadores.

http://migre.me/5HmuR

Pensar sobre as implicações do trabalho de Julien Assange, fundador do WikiLeaks, sem entrar no mérito das acusações que recebeu, é ponto primordial para esboçar os traços tecno-culturais que estão há muito se delineando.

Entre a brincadeira do vídeo e a profundidade da mensagem, mantenho a pergunta. Quanto vale mudar o mundo?

Fonte: Mauricio Felício

sábado, 5 de novembro de 2011

Significado e representatividade

Nos anos 60 um jovem negro do Alabama despontou como boxeador de raro talento. Ao mesmo tempo em que exibia movimentos ágeis e leves, impunha força e precisão em golpes quase sempre certeiros. Apresentava um estilo novo, desconcertante, quase um bailado, bonito de se ver, principalmente quando derrotava adversários mais fortes. Conquistou logo os títulos de Campeão Olímpico e Mundial. Mas, apesar da fama, das medalhas e da glória que trazia para seu país, não podia entrar em lanchonetes e pedir um simples sanduíche. Na época, não permitiam negros em muitos bares e restaurantes nos Estados Unidos.

Além das habilidades esportivas, o jovem era competente no jogo das palavras e em atitudes de provocação. Seus desafetos prediletos eram a imprensa, com quem fazia jogos de cenas, o Governo e o Exército Americano. Acredito que foi ele quem inventou as provocações entre os boxeadores na hora da pesagem.

Esperto, não tardou a perceber que representava a indignação de boa parte dos americanos contra o status quo. Era uma época de grandes mudanças, diversos grupos ativistas levantavam causas e bandeiras por todos os lados. Com os ecos da Segunda Guerra ainda reverberando nos ouvidos e o espanto com novas invenções e conquistas, como o homem chegando à Lua, a sociedade já não tolerava mais atitudes e comportamentos como a segregação e o preconceito racial.

Compreendendo que o seu jeito de ser e se apresentar ao público representava boa parte desse inconformismo, o jovem boxeador soube usar essa imagem em benefício da sua carreira e, principalmente, a favor da causa maior: o direito das minorias. Aproveitando o poder que a mídia lhe proporcionava começou a esbravejar em alto e bom som: “Eu sou o maior! Eu sou o maior!” Quanto mais desafiava a ordem pública, mais força lhe era oferecida pelos admiradores. Para provocar mais ainda mudou seu nome de Cassius Clay para Muhammad Ali.

Recusou-se a servir no Vietnã e por causa disso foi perseguido, perdendo o título de campeão mundial. Voltou cinco anos depois num dos combates mais espetaculares de todos os tempos. Com a astúcia que lhe era natural derrubou Foreman, um lutador mais forte e mais bem preparado. E onde? Na emblemática África.

Outro jovem, da mesma época, Elvis Presley, entendeu que os inconformistas haviam-no adotado com símbolo na luta contra o falso moralismo. Sua explosiva mistura de música negra, swing e rebolados sensuais chegaram à medida e hora certas para incomodar o conservadorismo tacanho que teimava em querer ditar as regras do viver.

Perceber a representatividade é um dom, uma arte a ser usada com parcimônia e, principalmente, com inteligência. O herói fica prisioneiro daquilo que representa, por isso tem que se manter fiel aos anseios do seu público e a si mesmo. Assim, Picasso representa a derrubada da estética nas artes plásticas, Coco Chanel a revolução da moda feminina e James Dean o inconformismo juvenil pós-guerra.

Churchill e Gandhi souberam usar do seu carisma e do poder das palavras, da presença e dos exemplos pessoais. Ambos representavam o momento das suas nações e precisavam mostrar coragem, determinação, paciência e garra. Políticos, esportistas, músicos, artistas, escritores e pensadores, quando percebem o valor dos seus significados e administram suas carreiras com sabedoria, se perpetuam. Ayrton Senna e Pelé entre nós, e Lady Di entre os ingleses, são bons exemplos.

Quando uma expressão humana emerge de forma notável e espontânea nas artes, esporte, música, literatura ou na política e, se não foi fabricada pelas técnicas do marketing e da comunicação, é porque o inconsciente coletivo estava preparado e ansioso por recebê-la e tinha um desejo latente de identificação. Assim nasceram grandes heróis. O escolhido, além de carisma, deve ser forte o bastante para sustentar as exigências da sua nova condição. Os fracos e falsos ficam no meio do caminho. Nada mais frustrante para um povo do que ver o ídolo, ansiosamente esperado, desmoronar em bases mal alicerçadas.

Na política, onde a representatividade deveria ser a mais sagrada das funções, não têm surgido nomes significativos nos últimos tempos, e na ausência deles, nosso povo mira-se nas celebridades do momento. As colunas sociais, esportivas e de variedades estão cheias delas.

Fonte: Eloi Zanetti

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Comunicação, comunicação empresarial e os 7 bilhões de habitantes

Em 31 de outubro de 2011 poderemos ser sete bilhões de habitantes sobre a Terra, segundo a UNFPA/ONU – Fundo de População das Nações Unidas, em meio às preocupações de Thomas Malthus (1766 – 1834) e em conformidade ou não com o que previu mais recentemente o Professor Paul R. Ehrlich, autor de “A bomba populacional”, em 1968. Mas não se trata de erros ou acertos. Trata-se de um fato. Cada vez mais se evidenciam situações paradoxais: aspectos que nos afetam ou afetarão direta e/ou indiretamente. A explosão populacional é mais um deles.

E o que tudo isso tem de relação com a comunicação?  Nossa vida só tem algum sentido pelo fato de nos comunicarmos. A comunicação é a essência, a matéria escura que sustenta a vida em sociedade. A essência do que nos torna comuns, também é a essência daquilo que nos torna incomuns. Estranho, porém, compreensível. Se não nos faltam os meios, talvez ainda nos falte vontade para construir um novo paradigma humano que nos considere, sinceramente, humanos.

A comunicação é tão natural entre nós que muitas vezes, ou quase sempre, não nos damos conta do seu valor. Será que já chegamos a imaginar como seria a falta dela entre nós da forma como julgamos conhecê-la? A comunicação humana se traduz numa infinita revolução e permitiu não somente a disseminação do desenvolvimento do conhecimento e das técnicas, mas acabou por reinventar várias vezes o próprio homem a partir da memória e das inúmeras referências revisitadas. Há muito não somos os mesmos e quem sabe onde iremos chegar. 

A utilidade e a convergência dos meios de comunicação parece não ter limite e nos traz a possibilidade de uma total comunhão, ao menos e por enquanto, com os limites do universo conhecido. Está posta uma espécie de múltipla sintonia, de diferentes freqüências e amplitudes que nos torna ao mesmo tempo próximos e empoderados, distantes e ameaçados. Com tudo isso nada é tão bom e nem tão ruim como parece. Consolida-se o paradoxo da liberdade.

A utilidade da comunicação tem, relativamente às suas interfaces, o poder de construir e destruir mediante o estabelecimento de um estado de permanente construção da “verdade”. Destruir de forma criadora num viés positivo e inovador ou criar de forma destrutiva num viés negativo e retrógrado. A verdade justificável é um processo dinâmico que vai da observação individual sobre o coletivo por meio de determinados padrões e de determinadas percepções e vice-versa. Consolida-se o paradoxo da realidade.

O nível de comunicação na atual sociedade em rede, distribuída, parece estar derrubando as barreiras da hierarquia e delegando mais poder e autoridade ao indivíduo. Mas o que é o poder senão o encontro entre o discurso e a ação comum e desde sempre disponível a todos? O poder é um estado transitório e não uma condição permanente. Quem pensa ter poder pode não detê-lo e quem o vivencia pode ainda não percebê-lo. Afinal, alguém o detém? Consolida-se o paradoxo do poder.

As organizações, invenção do homem, estão sujeitas às mesmas leis naturais da comunicação. Compreender as leis da comunicação como princípio geral e de onde provém toda sustentação dos propósitos ou desígnios humanos pode ser um passo determinante para fazer das organizações uma verdade justificável, real, percebida e vivenciada pelos indivíduos como fonte de experiências positivas. Resgatar o diálogo e a ação comunicativa, em detrimento da ação unicamente estratégica é resgatar nossa condição elementar. Consolida-se o paradoxo da simplicidade.   

Vida, comunicação, liberdade, realidade, poder, simplicidade, enfim: uma pequena síntese do próprio homem. Existe uma onda de sustentabilidade se espalhando numa busca integral pela conservação da vida em seu sentido mais amplo. Seja qual for a intenção da ação precisei optar por um dos lados. Escolhi o lado que considero positivo para concluir a provocação posta. Pode ser que a divisão do trabalho tenha sido altamente alienante, pois nos tornou autômatos em demasia, ao ponto do mecanicismo parecer sempre ter existido. Mas acredito haver muito espaço para revelarmos aspectos ainda mais ricos sobre a nossa condição humana. Consolida-se o paradoxo da racionalidade. 

Afinal, será que consideramos todos os sete bilhões de indivíduos como semelhantes, ou é um mero número, uma marca, um marco? Qual o papel da comunicação e dos comunicadores, que não por acaso somos todos nós? Trata-se apenas de um pequeno recorte sobre um tema que deveria diariamente nos “incomodar” no sentido positivo.

Fonte: Paul Edman

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Você na foto

Muitos profissionais de comunicação têm expressões chaves no seu dia-a-dia: construir reputação, preservar imagem, transmitir credibilidade. Mas como fica isso quando é o próprio profissional que está sendo examinado? Qual é a sua reputação, imagem e credibilidade?

Como você aparece na foto, principalmente aquela colocada nas midias sociais? Será que é ao estilo “casa de ferreiro espeto de pau”, xinga o time do vizinho, solta um palavrão aqui e ali; posta fotos, digamos, comprometedoras…. Ou será que é do tipo “faz de conta que estou, mas nem sei o que é isso’? Fez uma página no Facebook, outra no LinkedIn e criou uma conta no Twitter, mas não usa quase nunca?  

Pois vale prestar atenção a uma pesquisa recém-lançada da empresa de monitoramento de midia online norte-americana Reppler. O resultado prova que a palavra empregabilidade passa cada vez mais pelas midias sociais. 

A empresa entrevistou mais de 300 recrutadores de executivos e mais de 90% afirmaram que “escaneam” um candidato nas midias sociais. E 69% disseram ter rejeitado profissionais baseado no conteúdo publicado. Ao mesmo tempo, 68% confirmaram que decidiram a favor da contratação baseado no que viram.  Poder de decisão, contra ou a favor.

As redes de pesquisas preferidas dos recurtadores são o Facebook (76%), Twitter (53%) e LinkedIn (48%). Basta ver o quadro (abaixo) com os dados da Reppler para entender quais são os principais motivos de rejeição de um professional: mentiras a respeito de suas qualificações é o primeiro deles, seguindo por fotos e comentários inapropriados e postagens relacionadas a bebidas e drogas.

Parece que este tipo de attitude não acontece com frequência, mas uma outra pesquisa da Reppler mostrou que cerca de 50%  dos usuários do Facebook possuem palavrões em suas páginas. E que 80% deste grupo receberam mensagens de amigos também com ofensas.

Um grande desafio para qualquer professional: usar com propriedade , regularidade e de maneira adequada as mídias sociais. Afinal, pode estar ali a decisão sobre o seu emprego no futuro.

Fonte: Rosana Dias

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Gerenciamento de Crise

Muito já se debateu sobre a importância de toda empresa contar com um eficiente sistema de gerenciamento de crise, a fim de cuidar para que a sua imagem seja resguardada, uma vez que investir em prevenção é o modo mais eficaz de cuidar da segurança do paciente e da imagem da empresa mercado. No entanto, ainda hoje muitas empresas só percebem sua importância quando se vêem diante de uma situação efetiva e precisa, em caráter de urgência, contratar profissionais capacitados no gerenciamento de crise.

Como profissionais de comunicação, é comum nos depararmos com cases mal conduzidos e analisarmos como deveria ter sido sua condução. A realidade do dia a dia é que ninguém gostaria de se ver em uma situação de catástrofe ou de crise, mas ela pode acontecer e decidir estar ou não capacitado para enfrentá-la só depende de cada executivo.

O Hospital Samaritano de São Paulo conta com um sistema de Gerenciamento de Crise desde 2001, quando também foi criado o Comitê de Crise. O Comitê é composto pelo Superintendente Corporativo, Superintendente Médico, Assessoria legal, Gerência de Hotelaria, está sob a coordenação da Assessoria de Comunicação e conta com o apoio de empresa de comunicação contratada para o Gerenciamento de Crise, a Companhia de Notícias - CDN. 

A cada situação o Comitê é acionado, levanta o problema, o grau de gravidade, quem é o gestor indicado para apoiar, esclarecer a situação ou mesmo atuar como porta-voz. Convoca o profissional como membro interino e prepara o posicionamento interno e para o mercado.

Desde 2001, o Hospital também conta com um Manual de Crise, elaborado por meio de entrevistas individuais com os gestores sobre situações em cada área de atuação que poderiam ocorrer, mesmo que remotamente, mas que caso de acontecer poderia comprometer a imagem institucional do Hospital Samaritano. Para cada situação levantada é preparada uma lista de documentos a serem analisados, o porta-voz indicado e o posicionamento do Hospital. O Manual passa por atualização anual para que esteja sempre bem próximo da realidade e a cada ocorrência não prevista, esta passa a fazer parte do manual. 

Este documento foi criado com situações de probabilidade mínima a máxima, bem como grau de gravidade, isso porque um hospital que funciona 24 horas com a sua porta aberta, está sujeito a diversas situações que possam colocar em risco sua imagem.

Por isso, os gestores são treinados, Media Training, para ocorrências comuns do dia a dia e situações de crise, durante a qual tenham que se posicionar com firmeza, transparência, domínio da situação e dentro dos parâmetros éticos da medicina.

O Hospital Samaritano desde 2004 é certificado pela Joint Commission International - JCI, o mais importante órgão avaliador dos padrões de qualidade das instituições de saúde no mundo. A cada três anos por uma nova reavaliação ou reacreditação, e anualmente recebe a visita dos avaliadores para acompanhamento das atividades. E o sistema de gerenciamento de crise e o Manual de Crise sempre foram analisados pela JCI, uma vez que o órgão é americano e a atividade de PR – “Public  Relations” ser  considerada de extrema importância nos Estados Unidos, precisarmos sempre garantir como gerenciamos o risco institucional e como garantimos a eficiência da comunicação para clientes, médicos e colaboradores. Há dois anos após reestruturação no Manual da JCI, a área de comunicação passou a ser auditada como um todo, o que para nós é de suma relevância, pois temos que estar constantemente nos renovando e melhorando nossos processos.

Case - Como um exemplo de case do Hospital Samaritano, mencionamos o início da construção do Novo Complexo Hospitalar em março de 2007, dois meses após o episódio do buraco do metrô em São Paulo. O Hospital está situado em Higienópolis, um bairro nobre de São Paulo e a poucos metros de edifícios de alto poder aquisitivo. Por isso, a questão da demolição, escavação e construção foram itens muito debatidos pela equipe da Assessoria de Comunicação e a equipe de Engenharia, responsável pela construção do Novo Complexo. Assim, preparamos um Manual de Crise só para a construção do Novo Complexo. Foram realizadas várias reuniões de levantamento de  situações que poderiam acontecer, e as medidas paliativas para que não acontecesse e no caso da ocorrência qual seria a medida corretiva pelo Hospital.

Além disso, durante estas reuniões decidiram-se alguns cuidados na obra:

•    Poeira: demolição manual da área existente e as paredes eram molhadas para que não levantasse poeira.
•    Ruído: Uso de abafadores e Treinamento dos funcionários que trabalham na obra. Janela dos quartos dos pacientes anti-acústica e poeira.
•    Controle de pragas: dedetização do terreno para evitar pragas durante o período de escavação e construção.
•    Tráfego:
   o Controle de acesso dos caminhões – estacionamento em bolsão da Barra Funda;  
    o Treinamento dos motoristas; 
    o Contratação de caminhões novos; 
    o Lavagem dos caminhões para não sujarem as vias públicas; 
    o Sinalização viária – CET. 

Além disso, o Hospital realizou várias ações envolvendo a comunidade local para minimizar o impacto da construção e intensificar o relacionamento com vizinhos. Para tanto, estes foram convidados a conhecer o projeto, as construtoras, e foi criado um canal de comunicação direto com o Hospital para situações de barulho.

Durante todos os anos de construção, negociamos a não realização de obras aos sábados e festas judaicas como o Rosh Hashaná e Yom Kipur ou ano novo judaico e dia do perdão. O respeito às tradições judaicas se fez importante por ser um Hospital ecumênico, mas presente em um bairro com forte presença da comunidade judaica.

Em todo o período de construção tivemos poucas manifestações de clientes ou da comunidade em relação à obra e todas gerenciadas pela Assessoria e Serviço de Atendimento ao Cliente – SAC, ao todo, 71 ocorrências em quatro anos.  Isso mostra a importância do trabalho preventivo.

O Hospital também realiza anualmente treinamentos de atendimento a catástrofes na região. Já simulou atendimento a briga de torcidas no Estádio do Pacaembu, queda de avião, explosão em shopping, dentre outras situações. Essa é uma maneira do Hospital avaliar seus processos da área de emergência e o fluxo de recebimento de pacientes por transporte aéreo e terrestre, além do atendimento a múltiplas vítimas. 

Também em 2010, o Hospital passou a contar com seu perfil nas redes sociais – Twitter, Facebook, YouTube e Linkedin. Ainda estamos conhecendo essa nova realidade, mas acreditamos que participar é uma forma de democratizar a comunicação e trabalhar com transparência enfrentando os problemas existentes e trabalhando internamente para corrigi-los. 

Estes são alguns exemplos de como o Hospital se prepara e conduz sua atividade voltada para a prestação de serviços a comunidade, sempre com seriedade e respeito ao próximo.

Fonte: Cristina Ambrogi Leite Collina

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Roteirista, o novo protagonista do conteúdo corporativo

Acabou de passar por São Paulo Robert Mackee. Ano passado, ele também esteve pelo Brasil e, naquela oportunidade, fui um de seus ouvintes, num auditório lotado de um shopping paulistano. Pra quem não conhece o Papa dos roteiros de cinema, vale “googlear” (ou ir a http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_McKee). O fato é que uma de suas frases sempre retwittam na minha memória: se você vai gastar um ano escrevendo um roteiro, planeje 10 meses para se debruçar sobre uma única folha de papel, organizando as idéias e cenas. Em poucas palavras: vale menos o texto; o que diferencia um projeto é a ideia, o conceito.

Roteiristas não habitavam o universo das produtoras. Na Conspiração tornaram-se personagens frequentes, ou mais: protagonistas do processo (e do sucesso!). E não apenas porque temos efervescentes núcleos voltados à criação e produção de cinema e de TV. Na criação e no desenvolvimento de conteúdos de marca e corporativo, a figura do roteirista também é central. E espera-se dele muito mais do que criação. Um roteirista de conteúdo corporativo deve ser, por definição, um generalista – entender razoavelmente de muitos assuntos, mais ou menos como um jornalista; deve ter capacidade de síntese, de receber materiais extensos e avaliar o que de melhor deve ser repassado adiante; deve ser bom de pesquisa e de entrevistas; ter uma boa visão de marketing; compreender a estratégia do cliente; deve ser bom em organizar informações; ser um craque ao escrever, mesmo que em linguagem oral, isto é, texto para ser lido...

Bem, se no primeiro parágrafo eu citei o cinema, no segundo eu diria que descrevi um de seus heróis: o Super-Homem. Encontrar um profissional com tantos superpoderes assim é mesmo coisa de roteiro de ficção. Eles até existem, mas está na expertise de uma boa produtora de conteúdo saber identificar e reconhecer talentos distintos, que se adequam a diferentes tipos de trabalhos. No processo de conteúdo de marca, portanto, precisamos não apenas de roteiristas, no sentido restrito da palavra, mas também de profissionais brilhantes em outras capacidades, como a de pesquisa, por exemplo. Existem roteiristas de conceito geniais; e igualmente brilhantes pesquisadores – pessoas que, a partir de um briefing proposto, trazem um número tal de informações que se torna mais fácil, ou ao menos mais seguro, o ato de criar ideias e conceitos.

Outro profissional imprescindível neste processo de construção de conteúdo de marca é o “roteirista de campo”. Falo do redator de roteiros com alma de repórter, do tipo que (homem ou mulher) se faz a barba cai serragem. Cara de pau mesmo, que lidera equipes de captação em eventos, aborda pessoas em fábricas... Há ainda os roteiristas mais afeitos a trabalhos de texto aspiracional; outros mais técnicos... E por aí vai. Só não aceito que falem em identificação mútua entre empresas e redatores. Definitivamente, não existem roteiristas que nasceram pra escrever pra determinada empresa... Isso é romantismo demais; profissionalismo de menos. 

Uma produtora de conteúdo de marca, como já disse, deve identificar no mercado e formar em seus quadros roteiristas capazes de atender a diferentes demandas, e a diferentes marcas. Mas deve também saber entender a especificidade de cada um – seja roteirista ou empresa. 

Afinal, um roteiro imperfeito destrói, de saída, qualquer projeto de superfilme. 

É criptonita pura.

Fonte: Claudio Henrique

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Comunicadores como mestres-cuca



Cozinheiros seguem receitas, mestres-cuca as transformam. De nada adianta uma receita sem o talento e a mão do chef. Da mesma forma, não adianta ter informações se não soubermos o que fazer com elas, sem acrescentar aquele ingrediente secreto e transformá-las em conteúdos, conceitos e significados.

Nas mãos de comunicadores talentosos, os ingredientes informativos são aprimorados e acrescidos de sentidos através de uma porção de criatividade. Eles associam e misturam ingredientes especiais até atingir a deliciosa técnica de se expressar, saindo um discurso fresquinho, recheado de sentidos!

O sentido é o tempero mais caro que existe na arte culinária da comunicação. É ele que dá o toque especial na preparação e na degustação de qualquer mensagem. O ingrediente secreto que dá liga à massa de informações desconexas e que oferece um sabor diferenciado e especial. Até mesmo em simples sopas de letrinhas.

Um bom mestre-cuca é um artífice que cativa pela língua. Mas ele não nasce sabendo fazer um prato irresistível e suculento, daqueles de dar água na boca. Para ser bom, ele precisa de talento, dedicação, bom gosto, conhecimento e uma coleção de livros de receitas gastronômicas.

Um bom comunicador é um artífice que cativa pela Língua. Mas ele não nasce sabendo fazer uma mensagem fluente e irresistível, daquelas de dar brilho nos olhos. Para ser bom, ele precisa de talento, dedicação, conhecimento e uma coleção de livros de receitas teóricas, noticiosas, modernas, além de culturais e poéticas.

O comunicador precisa conhecer de tudo um pouco e interessar-se pelos mais diferentes assuntos e obras para ter matéria-prima suficiente para associar ideias e, com isso, ser criativo e gerar sentido.

Bons cozinheiros são eternos aprendizes da alquimia culinária. Eles colocam a mão na massa, fazem misturas, associando sabores, cores e aromas para transformar ingredientes em um magnífico prato, recheado de prazeres, capazes de causar uma experiência positiva e memorável a quem o saboreia.

Bons comunicadores são eternos aprendizes da alquimia discursiva. Eles colocam a mão na massa, fazem misturas, associando expressões, pensamentos, memórias e conceitos para transformar palavras em um magnífico discurso, recheado de sentidos, capazes de causar uma experiência positiva e memorável a quem o saboreia.

O comunicador de qualidade conhece o gosto de seu público e sabe fazer, especialmente para ele, associações de ingredientes vocabulares na medida certa, sabendo também o ponto de “tirar do fogo” o discurso, publicando-o, quentinho, prontinho para aconselhar, envolver, encantar e vender uma ideia.

Agora, aproveite suas habilidades para aprimorar esta receita de como fazer um delicioso e nutritivo discurso recheado de sentidos. Bom apetite, leitor:

Os ingredientes da boa comunicação

Para se fazer um discurso recheado de sentidos, você vai precisar de:
-porções generosas de conhecimentos, conteúdos e ideias
-1 porção de talento
-1 pitada de criatividade
-1 proposição
-argumentações de qualidade
-porções generosas de sentidos

Modo de fazer

Primeiro, pré-aqueça todos os conhecimentos, conteúdos e ideias dispostos em sua mente. Faça associações e adaptações até dar o ponto de liga do que a empresa deseja comunicar com o gosto do público. Acrescente uma proposição que traduza os valores da empresa e ponha uma pitada de criatividade para envolver. Seja criativo, use o que tiver à mão, desde que possa ser relacionado e adaptado ao produto, serviço ou marca referente.

Reserve.

Prepare o recheio. Muito conteúdo e significado. Mas que sejam arejados. Deixe a mensagem fluir, respirar. Seja denso, porém objetivo. Seja claro. Afirme. Despeje cuidadosamente os argumentos naquela sua proposição reservada, acrescentando sentido até atingir o ponto de envolvimento. Eles devem ser dispostos de maneira fluente, para que fiquem incorporados no conteúdo e realcem os significados. 

Serve bem os públicos da empresa.

Fonte: Emiliana Pomarico Ribeiro

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comunicadores! Participem da virada das Relações Públicas!

Tem muito tempo que sonho com essa virada que agora vai realmente acontecer. O CONFERP está realizando uma consulta junto aos profissionais registrados e a todo o universo envolvido nas relações públicas e nas áreas de comunicação social para dar condições a profissionais de notório saber na área de se registrarem nos CONRERPs regionais. 

Depois de ouvir profissionais, consultar juristas, pesquisar o que é feito em outros conselhos de categoria profissional e como se comporta o universo global, com a maior transparência, profundidade e bom senso – condições intrínsecas ao profissional de RP - o presidente do Sistema CONFERP, Flávio Schmidt, lançou um hot site onde todos podem opinar sobre os critérios adotados para essa virada institucional fantástica. 

Aqueles profissionais, não graduados nas Relações Públicas, poderão requisitar registro nos CONRERPS regionais, desde que sejam pós-graduados lato e stricto senso ou tecnólogos em curso superior considerado de qualificação e de acordo com os princípios definidos pelo CONFERP. Além disso, os profissionais que se interessarem no registro vão se submeter a um exame preliminar de proficiência a ser realizado pela Comissão Acadêmica instalada para tal. Com isso, teremos ao nosso lado grandes nomes do jornalismo, da comunicação corporativa, da administração de crises, da organização de eventos, da criação e produção de projetos sociais, ambientais e culturais, da publicidade que hoje formam uma grande massa inteligente que se movimenta ao redor das relações públicas. Com esta adesão, ganharemos mais valor e força - capacitação e quantificação - para nivelar nossa atividade par a par com outras profissões estratégicas e imprescindíveis.

Porque estou caracterizando esta medida como uma virada?  Todos têm a ganhar!A sociedade, a academia,o mercado e os futuros profissionais.

1º. Creio que os atuais profissionais registrados só têm vantagens com a flexibilização e a abertura que a medida propicia. Sua área de ação e de interlocução vai abranger um universo muito maior no mercado e aportar maior entendimento sobre as Relações Públicas. Tenho certeza que a profissão - com toda a segmentação que vai abrigar - será mais valorizada no mercado e que a academia vai lutar pela qualificação do ensino para se adequar aos princípios da Comissão Acadêmica que o CONFERP vai instalar. E vai se motivar com esta oportunidade para abrir mais cursos de graduação e mestrado. 

2º. Os novos colegas vão poder participar dos benefícios do registro no conselho da categoria que é uma das 62 profissões regulamentadas por lei, num cenário de 2.512 ocupações que constam do Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego. Seu ordenamento legal obriga o Estado – nas suas três instâncias: federal, estadual e municipal - a abrir concursos públicos para contratar profissionais de RP. A iniciativa privada também deve cumprir a legislação, estar regular e sujeita à inspeção, hoje uma fiscalização mais inteligente. Vão também ganhar um código de conduta ética com força de lei, se o mercado infringir os preceitos legais do exercício da profissão. Esse mesmo código dá poder aos CONRERPs para advertir quem coloca a atividade em situações de desconforto. E mais. O lastro de um conselho que não está aí só para fiscalizar, mas também proteger a sociedade das más práticas profissionais. 

Creio que esta consulta vai ter um resultado positivo. Não vejo nesta medida nada que possa ser ofensivo, anárquico ou criticado. Ao contrário. É uma posição de inclusão profissional muito em dia com as aspirações desta nova ordem social. Entrem no hot site criado pelo CONFERP. Opinem!

Fonte: Lala Aranha

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A comunicação e o trabalho infeliz



Abro o meu texto com uma reflexão acerca do papel do trabalho em nossa sociedade, feita pelo escritor norte-americano William Faulkner, em uma entrevista para a célebre Paris Review1, em 1956.  Sobre o batente nosso de cada dia, o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1949, não mediu as suas palavras: “Na minha opinião, é uma pena haver tanto trabalho no mundo. Uma das coisas mais tristes que existem é que a única coisa que um homem pode fazer durante oito horas por dia, todos os dias, é trabalhar. Você não pode comer oito horas por dia, nem beber oito horas por dia, nem fazer amor por oito horas – você só pode trabalhar por oito horas. E é por essa razão que o homem faz a si mesmo e a todos os outros tão miseráveis e infelizes”.  É atualíssima a discussão sobre a centralidade do trabalho, feita por um dos maiores narradores da literatura norte-americana. O trabalho devorador de tudo a sua volta, com a força de um buraco negro. Fim, e não um dos meios, para tocar a vida para a frente e, com sorte, ser feliz.

Na entrevista, Faulkner deixa clara a sua preocupação em não ter toda a sua vida criativa sugada por um tempo destinado exclusivamente para as metas e a produtividade do mundo organizacional.  Lugar onde, nós sabemos, os objetivos, os rumos, as mudanças, as inovações – tudo isso expresso em números e percentagens, que, na maioria das vezes, não são causas compreendidas pelos empregados – indivíduos vistos como uma massa homogênea, sentida e monitorada por um feixe de índices que estruturam indicadores de ambiência e de felicidade.  Transformados em rankings produzidos pela indústria editorial que servem como artifício psicológico e institucional para legitimar do ponto de vista de quem toma decisões dentro dos escritórios e das fábricas, os sistemas produtores da desumanização em massa. 

A infelicidade no mundo atual é, também, consequência da eleição do trabalho como único centro da vida cotidiana. Ser apenas trabalhador é ser insustentável frente a uma realidade social - além das empresas e instituições - que demanda pessoas que valorizem a criação, o humor, a intuição, as artes, as afetividades e as narrativas semeadas de paixões. 

A comunicação empresarial, principalmente na sua vertente direcionada aos empregados, transformada em um manual de narrativas estéreis e frias, em que a ordem é o tom, é expressão de uma administração insensível e datada.  Os temas de uma nova administração devem passar pela afetividade, o convívio (assentado no consenso e no dissenso), a comensalidade, a fruição, o tempo para pensar. E expressiva desses temas será uma comunicação com os empregados que combata a miséria e a infelicidade, geradas do trabalho que se arvora como único produtor de nossas identidades.  Uma comunicação com os empregados que não coloca em xeque o significado do trabalho no mundo não é relevante. É apenas um passatempo para comunicadores esmagados pela rotina de trabalho

domingo, 2 de outubro de 2011

Críticos e passivos

É comum, com tanta informação, passarmos por um período de anestesia.

Seja no âmbito regional ou global, a informação flui de modo mais acelerado, e isso não é novidade para nenhum de nós. O problema está em um dos possíveis resultados desta hiperestesia informativa, ou seja, estar informado nos parece uma ação.

Para ser mais claro, é como se apenas o fato de acompanhar notícias na mídia e nos blogs sobre a crise na Grécia fizesse com que algumas pessoas se sintam politicamente engajadas e ativas. As pessoas se convencem de que se engajaram e acompanham escândalos no senado, conflitos armados nas cidades brasileiras e tantos outros pontos de suas casas, com suas várias telas e redes. Saber que acontece é quase um dogma naquela sociedade da informação de anos atrás. 

São tantos tuítes e comentários em redes sociais. Somos agentes da informação, sim, mas por vezes profissionais e público se satisfazem com a sutileza e o sarcasmo no Facebook, uma foto com um comentário divertido no Orkut. Uma piadinha matinal do Twitter resolve a necessidade de participar do mundo. Criticamos mas permanecemos sentados.

Tanto quanto assistir ao telejornal e comentar com alguém não é algo completamente transformador, tuitar os problemas do mundo, mas não se dedicar a nenhum deles de modo participativo leva a um resultado similar.

Nas empresas isso não é diferente.

O presidente anuncia os números de vendas ou da pesquisa de satisfação, por exemplo, e muitos já sentem que fizeram muito apenas ao responder aquelas perguntas.

Como fazer com que a informação não seja, em casos como estes, uma anestesia dentro do processo dialógico? Parte da resposta pode estar no esforço para reverter a desvalorização do fluxo comunicacional, que inclusive é estimulado por muitos profissionais das áreas humanas que, encantados com algumas bandeiras levantadas por escolas como a behaviorista, ainda acreditam em um fluxo de convencimento e motivação originado exclusivamente nos grupos emissores de líderes ou gestores.

O comprometimento vai além da pura informação, mesmo que ela venha revestida de um layout magnífico e trate inclusive de bônus por metas ou de qualquer benefício explícito.

Isso se torna claro a cada vez que um companheiro de trabalho conta que está de partida para o tão falado novo desafio dos que pedem as contas. Quantos não deixam anos de história conjunta por acreditarem que os valores não evoluíram ou que a prática já se distanciou por demais do discurso corporativo?

Cada nova onda de informações sobrepostas faz com que os colaboradores prestem menos atenção aos detalhes, presos à necessidade de ver tudo, saber de tudo. O paradoxo do conhecimento, muito claro na academia, que indica que ao se aproximar muito de algo, inevitavelmente, perde-se a visão dinâmica do todo, e ao se distanciar para conquistar a percepção holística chegamos à perda da especificidade e do detalhamento, mostra-se plenamente aplicável em casos assim.

Informar os benefícios, informar as metas, informar os valores. Publicar o balanço, publicar algumas histórias, publicar fotos e conquistas. Tanta emissão e ainda pressupomos que engajamos. 

É momento de revisão da qualidade das nossas comunicações. Mais do que necessária, a revisão do trabalho do comunicador carece de reflexões constantes. Os modelos e padrões muito bem servem para uma comunicação administrativa, com objetivos bem definidos e tangíveis, mas quando entramos no âmbito humano, intangível, subjetivo, já não é suficiente tratar o público com mudanças de letras e palavras, é preciso ir mais a fundo e deixar de comunicar e passar a conversar, mas que informar não seja um processo estanque, mas o início de uma ação, conjunta, plástica e transformadora.

Fonte: Mauricio Felício

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Novas possibilidades no ar

A redução das restrições ao capital estrangeiro na operação da TV paga brasileira e a abertura de mercado para as operadoras de telefonia vão acirrar o mercado. O chamado PLC 116 foi aprovado no mês de agosto pelo Senado, após quatro anos de tramitação. No meio de setembro a presidente Dilma Rousseff sancionou a nova lei, mantendo os pontos polêmicos como a questão do capital estrangeiro, as cotas para exibição de conteúdo nacional e o poder de fiscalização a Ancine. 

Na avaliação dos defensores da lei, a partir de agora mais empresas oferecerão serviços de transmissão de conteúdos, deverá haver aumento da cobertura e redução de preços. Hoje a Net praticamente atua sozinha nos grandes mercados. Em breve terá a concorrência da Oi que já tem rede de fibra ótica em muitas cidades brasileiras. A abertura de mercado poderá fazer com que o mexicano Carlos Slim assuma o controle da Net, integrando-a à Claro e a Embratel para serviços quadriplay, com telefonia móvel, fixa, banda larga e TV. 

Hoje a TV por assinatura, a cabo ou por satélite (DTH) chega a 11,1 milhões de clientes no país, número pequeno se considerarmos a população brasileira. Mesmo quando observamos que existem 3,3 pessoas por domicilio, chegamos a 36,6 milhões de brasileiros com acesso a esses programas. 

A entrada de novos players poderá baratear as assinaturas de TV e internet, aumentar a oferta de banda larga e, ainda, trazer outras formas de veiculação em novas mídias. Isso, inclusive, para melhorar a comunicação das companhias com seus stakeholders. Os serviços convergentes de telefonia, Web e TV impulsionam a oferta de conexões com mais de 5 megabits por segundo, ajudando a sairmos do marasmo da banda estreita e dos altos preços comparados aos do exterior. Outras novidades devem chegar em breve como a possibilidade de serviços de IPTV, que utilizam o protocolo de internet para a transmissão de conteúdos. 

Notícia boa para os consumidores que poderão ter mais escolhas e menores preços. Boa também para as empresas que ganham novos canais para se comunicarem com os seus públicos. Afinal, acredito que as companhias caminham para ter suas emissoras internas, integrando os vários veículos de comunicação para disponibilizar conteúdos organizacionais em diferentes suportes e displays, seja na intranet, em tablets ou smartphones. 

Outra mudança importante para o mercado foi a introdução de cotas para a exibição de conteúdos nacionais nas grades das emissoras. A proposta torna obrigatória a transmissão de três horas e meia de conteúdo nacional nos canais de filmes, documentários e séries. Nos pacotes de programação um terço dos canais terá de ser nacional. 

De um lado produtores culturais e produtoras independentes de vídeo comemoram o passo positivo para fomentar o setor cultural e dar oportunidade para que as caras do Brasil sejam mostradas pelos próprios brasileiros. Representantes da Ancine e da Associação Brasileira de Produtores de TV argumentam que as cotas corrigem distorções do mercado, uma vez que os produtos brasileiros competem em condições de desigualdade com produções estrangeiras veiculadas no Brasil, com os seus custos já amortizados. 

Do outro lado, representantes de emissoras / operadoras, como a Sky, e alguns membros do partido DEM se manifestaram contra a nova Lei. Alguns dizem que irão recorrer ao Supremo Tribunal Federal na tentativa de reverter o processo. 

Vale lembrar que os atos regulatórios sobre a TV por assinatura brasileira se basearam no norte-americano, ao impor canais comunitários e legislativos. Bela intenção, mas parcial adoção. Nos EUA essas emissoras não são meros canais, elas recebem todo apoio na produção, com equipamentos e demais recursos bancados pela operadora de TV. Lá chegam a disputar audiência com as grandes redes. Aqui os canais comunitários têm apenas o espaço e devem bancar os custos de produção. Assim, acabam tendo mero traço de público e grandes dificuldades de se viabilizarem. 

No inicio de setembro Embratel e Hughes venceram leilão para posições de satélite que chegou a ter ágio de 3.759% somando R$ 254,4 milhões para a Anatel. Com a expansão do mercado e grande a demanda por capacidade de satélite no Brasil, esse leilão reforça a capacidade do país na transmissão de dados e imagens. Outro fato importante para as comunicações é a intenção do governo em zerar as alíquotas de PIS e Cofins para as redes de fibra ótica e equipamentos de internet. Seria um bom incentivo e alivio nesse mercado tão taxado. 

As novas mídias e as diferentes formas de ocupar espaço nas mídias tradicionais trazem mais opções ao consumidor, abrem canais de comunicação, inclusive no setor corporativo e, ainda, expandem o mercado para jornalistas, produtoras de vídeos e toda uma extensa cadeia produtiva. Para os profissionais e entidades ligadas à comunicação é importante se engajarem nessa luta por mais meios e menores custos. Assim, as empresas poderão não só imprimir como veicular e colocar no ar as suas mensagens.

Fonte: Marcos Ernesto Rogatto

domingo, 25 de setembro de 2011

Comunicação e RH atuando juntos para engajar o colaborador

Unir os stakeholders para enfrentar o cenário de profundas e contínuas transformações que se apresenta atualmente é o grande desafio das organizações que desejam manter a competitividade e inovar na resolução de antigas questões. Em outras palavras, mais do que nunca, é preciso engajar, e essa tarefa não pode mais ser circunscrita a um departamento. Aquele algo mais que todas as empresas buscam em seus colaboradores somente será concedido mediante o desejo de cada um, ou seja, por quem achar que o seu esforço realmente vale a pena dentro do contexto em que está inserido. Já está claro que essa é uma incumbência de toda a empresa, mas Recursos Humanos e  Comunicação têm um envolvimento primordial e serão tão bem sucedidos neste quesito quanto conseguirem atuar lado a lado.

Pesquisas afirmam que apenas 20% dos colaboradores trabalham porque realmente querem e dão o melhor de si em suas funções. Para reverter este quadro, lideranças focadas em comunicação são o grande trunfo das organizações. Na maioria das vezes, é preciso mudar padrões mentais para promover o exercício contínuo do diálogo, especialmente acerca dos objetivos do negócio: uma atitude que resulta em colaboradores inseridos em um contexto maior e, portanto, capazes de entenderem e valorizarem a parte que lhes cabe na estratégia da empresa.

Líderes engajados promovem o engajamento de seu time, que, por sua vez, tem performance acima da média e maior satisfação com o que fazem. Nessa hora, a habilidade de se comunicar tem a sua relevância elevada à máxima potência, pois os colaboradores levam em conta a qualidade do relacionamento com seu líder direto para decidirem a quem, como e por quanto tempo emprestarão sua força de trabalho. Sua motivação está relacionada a fatores como estilo, comportamento, atitudes, reconhecimento, coerência e autenticidade demonstrados pelo gestor.

Diante disso, é, no mínimo, espantoso que algumas empresas ainda negligenciem na oferta de programas e oportunidades para desenvolvimento e fortalecimento de seus líderes. Mesmo sabendo que são eles que têm mais possibilidades de influenciar as equipes, poucas organizações atribuem esta responsabilidade ao líder, definindo comportamentos e ações específicas para este fim. 

Não há consenso na conceituação e na forma de se obter o engajamento, mas seus efeitos já se tornaram senso comum, afinal é ele que determina os níveis de colaboração, inovação e capacidade de tomada de decisão em uma organização. 

Para se ter uma ideia desta importância, empresas com alto nível de engajamento tiveram rentabilidade 19% superior a outras empresas, enquanto aquelas em situação oposta apresentaram performance 44% inferior à média.  Numa visão tradicional, quando engajar era uma iniciativa restrita a RH, investia-se principalmente em salário, benefícios, reconhecimento, oportunidades de desenvolvimento de carreira, ambiente e recursos de trabalho. Verificados por pesquisas de clima,   que, em sua maioria, oferecem um “retrato” do momento em que são realizadas, dentro de um cenário que se transforma todos os dias; esses elementos, por si só, não são mais capazes de motivar os colaboradores. Eles querem mais e, hoje, valorizam especialmente a qualidade da comunicação e dos relacionamentos com a equipe e com a liderança, a visão estratégica dos negócios e o orgulho pela empresa, vinculado à reputação que ela tem no mercado.

Esta é a razão de ter aumentado muito o número de empresas que, nos últimos dois anos, classifica o engajamento dos empregados com uma de suas maiores prioridades. Não bastasse a dificuldade de lidar com tantas variáveis, esse esforço é contínuo, porque as condições que as determinam mudam o tempo todo. Mas há algumas ações importantes para o sucesso dessa empreitada:

- Esqueça os manuais e as recomendações generalizadas. Para atingir o colaborador, é preciso considerar sua totalidade e suas particularidades, lidando, especialmente, com suas emoções. Para tanto, depois de conhecê-lo bem, é preciso buscar soluções customizadas e específicas para as necessidades e características de cada organização.

- Informe e enfatize o papel das lideranças, estimulando novas crenças e modelos mentais, para obter atitudes que façam frente aos desafios do negócio, capazes de estimular e envolver equipes.

- Estimule o diálogo interno continuamente, porque, da qualidade das conversações internas, depende o entendimento que o colaborador terá sobre a empresa e o mercado em que ela está inserido. Esse conhecimento o habilitará a agir como defensor da marca, influenciando o público externo.

- Não se esqueça que aquele algo mais, ou o desempenho de alta performance, só será obtido quando os interesses da empresa forem compreendidos pelo colaborador e vinculados aos seus interesses pessoais. Daí, a importância de se levar em conta o que emociona o público interno, porque este será o caminho para que ele acesse o seu propósito pessoal e, voluntariamente, aja, junto com seus pares, a partir das prioridades da organização, contribuindo para o alcance das metas.

Fonte: mônica Alvarenga