quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O imperativo ético na comunicação corporativa

É significativa a participação das assessorias de imprensa, internas ou terceirizadas, na composição do conteúdo jornalístico da mídia brasileira, como canais de relacionamento de empresas, entidades de classe, governos e ong´s com jornais, revistas, rádios, televisões e sites jornalísticos da Web. Esse processo é aparentemente saudável, levando-se em conta que os veículos de comunicação, dentro dos limites compreensíveis no contexto do capitalismo, demonstram não ter recuado em seu grau de independência e caráter investigativo.

A condição de fonte recorrente da imprensa implica imensa responsabilidade no trato da informação, o bem mais precioso deste século. A prevalência da ética na divulgação de notícias, respostas precisas às indagações dos jornalistas e transparência no esclarecimento de dúvidas e no gerenciamento de crises constituem atitude condicionante ao sucesso da meta de aperfeiçoamento da sociedade, melhoria da qualidade da vida e avanço socioeconômico do País. Enganam-se os que entendem ser inviáveis tais práticas sob o crivo dos interesses estratégicos das organizações. Afinal, a ciência da comunicação, cada vez mais avançada, oferece todos os recursos necessários à conciliação das duas vertentes.

Não pode haver antagonismo entre a comunicação corporativa e os parâmetros éticos que permeiam a cultura contemporânea de urbanidade. Esta consciência é imprescindível para uma nação que ainda luta por sua inserção no primeiro mundo. Assim, é oportuno refletir sobre dois aspectos essenciais à discussão do tema, ambos relacionados à efetiva missão do assessor de imprensa, função que representa parcela expressiva do mercado de trabalho dos jornalistas.

A primeira reflexão refere-se ao fato de que o profissional de comunicação não deve agir como advogado! Assim, nos gerenciamentos de crise, atendimento à imprensa em casos de denúncias contra seu cliente ou em situações análogas, o assessor de imprensa deve limitar-se à transmissão de informações. O bom jornalismo recomenda que denunciados tenham o benefício da dúvida e desfrutem o direito de dar sua versão para o caso. É este o papel do assessor, informando com precisão à mídia, de preferência por escrito, as alegações de seu cliente ou abrindo espaço para que ele próprio se pronuncie. A defesa retórica, contudo, cabe ao Departamento Jurídico ou à banca advocatícia. O outro aspecto a ser considerado é não confundir o exercício do jornalismo nas assessorias de imprensa com lobby — atividade, aliás, ainda não entendida tanto quanto não regulamentada no País.

Tomados esses cuidados essenciais na ocorrência de crises ou em campanhas voltadas à defesa de um setor de atividade, causa ou empresa, o jornalista da assessoria de imprensa, quando age de modo correto, vive deliciosa e apaixonante atividade de pauteiro, viabilizando a veiculação de notícias de real interesse da sociedade e da organização para a qual trabalha. Sua atuação, somada à dos profissionais que atuam na mídia, é muito relevante, pois permite sinergia a uma civilização compulsivamente geradora de milhões de informações por segundo, e o acesso ao conhecimento propiciado pelos meios de comunicação é crucial, pois integra o ser humano no seu tempo e lhe outorga a cidadania.

Fonte: Marco Antônio Eid

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