quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quanto vale mudar o mundo?



Depois de passarmos pela década da informação, os dias atuais se pautam muito mais pela co-presencialidade. Parece estranho pensar que os tempos da informação se foram, mas é um pouco disso que vivenciamos cotidianamente.

Quando a curva de adesão à Internet mostrou seus traços iniciais, todos proclamaram o fim de uma era, como se tivéssemos um único ponto de transformação. Como se pudéssemos trabalhar em uma linha do tempo Antes da Internet e Depois da Internet. As mudanças já se preparavam para ganhar escala. O embrião estava lá, mesmo dentro das maiores ditaduras.

A transformação pede mais do que uma novidade, mais do que uma mudança. Pede novos paradigmas, pede um novo pensamento, que não se baseia exclusivamente no online, mesmo que tenha nele um dos seus pilares mais evidentes na manutenção de uma relação diferenciada com nossos diversos papéis sociais.

Da informação, mudamos para a participação, mesmo que fisicamente distante. Nos primeiros anos do milênio dávamos importância aos que tinham informações. Quanto mais, melhor. Hoje o valor, principalmente nas redes, está em quem sabe o que fazer com tanto conteúdo. Os articuladores, os agregadores, os curadores são mais preciosos do que os informativos.

Mesmo que isso remonte à classificação trina da pauta jornalística, por exemplo, entre o conteúdo informativo, interpretativo e opinativo, a questão em foco desce a patamares mais profundos.
A legitimidade, dentro do tabuleiro político das dinâmicas sociais, não se restringe ao espaço tangível, material e presencial.

Mesmo estando em um tempo de participação, não havemos de ser hipócritas ou cegos aos indícios de que parte dos traços da pseudo-participação se mantêm nos dias de hoje.

São tantas redes e sites de relacionamento, vídeos, campanhas, causas, bandeiras. Não somos capazes de manter um envolvimento real, profundo e dedicado com tudo.

Ou o cidadão virtual opta por causas próximas aos seus valores ou se permite ter uma participação superficial no todo, quase pueril.

Mas como agentes de mudanças, não nos resumimos aos que se dedicam ao stricto sensu ou ao lato sensu, mas podemos ser catalisadores. Podemos ser otimizadores.

Abaixo está um exemplo de um personagem, hoje global, que não levantou uma única bandeira em meio a uma passeata. Ele não estava nas ruas para fazer cair os ditadores.

http://migre.me/5HmuR

Pensar sobre as implicações do trabalho de Julien Assange, fundador do WikiLeaks, sem entrar no mérito das acusações que recebeu, é ponto primordial para esboçar os traços tecno-culturais que estão há muito se delineando.

Entre a brincadeira do vídeo e a profundidade da mensagem, mantenho a pergunta. Quanto vale mudar o mundo?

Fonte: Mauricio Felício

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