sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Você na foto

Muitos profissionais de comunicação têm expressões chaves no seu dia-a-dia: construir reputação, preservar imagem, transmitir credibilidade. Mas como fica isso quando é o próprio profissional que está sendo examinado? Qual é a sua reputação, imagem e credibilidade?

Como você aparece na foto, principalmente aquela colocada nas midias sociais? Será que é ao estilo “casa de ferreiro espeto de pau”, xinga o time do vizinho, solta um palavrão aqui e ali; posta fotos, digamos, comprometedoras…. Ou será que é do tipo “faz de conta que estou, mas nem sei o que é isso’? Fez uma página no Facebook, outra no LinkedIn e criou uma conta no Twitter, mas não usa quase nunca?  

Pois vale prestar atenção a uma pesquisa recém-lançada da empresa de monitoramento de midia online norte-americana Reppler. O resultado prova que a palavra empregabilidade passa cada vez mais pelas midias sociais. 

A empresa entrevistou mais de 300 recrutadores de executivos e mais de 90% afirmaram que “escaneam” um candidato nas midias sociais. E 69% disseram ter rejeitado profissionais baseado no conteúdo publicado. Ao mesmo tempo, 68% confirmaram que decidiram a favor da contratação baseado no que viram.  Poder de decisão, contra ou a favor.

As redes de pesquisas preferidas dos recurtadores são o Facebook (76%), Twitter (53%) e LinkedIn (48%). Basta ver o quadro (abaixo) com os dados da Reppler para entender quais são os principais motivos de rejeição de um professional: mentiras a respeito de suas qualificações é o primeiro deles, seguindo por fotos e comentários inapropriados e postagens relacionadas a bebidas e drogas.

Parece que este tipo de attitude não acontece com frequência, mas uma outra pesquisa da Reppler mostrou que cerca de 50%  dos usuários do Facebook possuem palavrões em suas páginas. E que 80% deste grupo receberam mensagens de amigos também com ofensas.

Um grande desafio para qualquer professional: usar com propriedade , regularidade e de maneira adequada as mídias sociais. Afinal, pode estar ali a decisão sobre o seu emprego no futuro.

Fonte: Rosana Dias

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Gerenciamento de Crise

Muito já se debateu sobre a importância de toda empresa contar com um eficiente sistema de gerenciamento de crise, a fim de cuidar para que a sua imagem seja resguardada, uma vez que investir em prevenção é o modo mais eficaz de cuidar da segurança do paciente e da imagem da empresa mercado. No entanto, ainda hoje muitas empresas só percebem sua importância quando se vêem diante de uma situação efetiva e precisa, em caráter de urgência, contratar profissionais capacitados no gerenciamento de crise.

Como profissionais de comunicação, é comum nos depararmos com cases mal conduzidos e analisarmos como deveria ter sido sua condução. A realidade do dia a dia é que ninguém gostaria de se ver em uma situação de catástrofe ou de crise, mas ela pode acontecer e decidir estar ou não capacitado para enfrentá-la só depende de cada executivo.

O Hospital Samaritano de São Paulo conta com um sistema de Gerenciamento de Crise desde 2001, quando também foi criado o Comitê de Crise. O Comitê é composto pelo Superintendente Corporativo, Superintendente Médico, Assessoria legal, Gerência de Hotelaria, está sob a coordenação da Assessoria de Comunicação e conta com o apoio de empresa de comunicação contratada para o Gerenciamento de Crise, a Companhia de Notícias - CDN. 

A cada situação o Comitê é acionado, levanta o problema, o grau de gravidade, quem é o gestor indicado para apoiar, esclarecer a situação ou mesmo atuar como porta-voz. Convoca o profissional como membro interino e prepara o posicionamento interno e para o mercado.

Desde 2001, o Hospital também conta com um Manual de Crise, elaborado por meio de entrevistas individuais com os gestores sobre situações em cada área de atuação que poderiam ocorrer, mesmo que remotamente, mas que caso de acontecer poderia comprometer a imagem institucional do Hospital Samaritano. Para cada situação levantada é preparada uma lista de documentos a serem analisados, o porta-voz indicado e o posicionamento do Hospital. O Manual passa por atualização anual para que esteja sempre bem próximo da realidade e a cada ocorrência não prevista, esta passa a fazer parte do manual. 

Este documento foi criado com situações de probabilidade mínima a máxima, bem como grau de gravidade, isso porque um hospital que funciona 24 horas com a sua porta aberta, está sujeito a diversas situações que possam colocar em risco sua imagem.

Por isso, os gestores são treinados, Media Training, para ocorrências comuns do dia a dia e situações de crise, durante a qual tenham que se posicionar com firmeza, transparência, domínio da situação e dentro dos parâmetros éticos da medicina.

O Hospital Samaritano desde 2004 é certificado pela Joint Commission International - JCI, o mais importante órgão avaliador dos padrões de qualidade das instituições de saúde no mundo. A cada três anos por uma nova reavaliação ou reacreditação, e anualmente recebe a visita dos avaliadores para acompanhamento das atividades. E o sistema de gerenciamento de crise e o Manual de Crise sempre foram analisados pela JCI, uma vez que o órgão é americano e a atividade de PR – “Public  Relations” ser  considerada de extrema importância nos Estados Unidos, precisarmos sempre garantir como gerenciamos o risco institucional e como garantimos a eficiência da comunicação para clientes, médicos e colaboradores. Há dois anos após reestruturação no Manual da JCI, a área de comunicação passou a ser auditada como um todo, o que para nós é de suma relevância, pois temos que estar constantemente nos renovando e melhorando nossos processos.

Case - Como um exemplo de case do Hospital Samaritano, mencionamos o início da construção do Novo Complexo Hospitalar em março de 2007, dois meses após o episódio do buraco do metrô em São Paulo. O Hospital está situado em Higienópolis, um bairro nobre de São Paulo e a poucos metros de edifícios de alto poder aquisitivo. Por isso, a questão da demolição, escavação e construção foram itens muito debatidos pela equipe da Assessoria de Comunicação e a equipe de Engenharia, responsável pela construção do Novo Complexo. Assim, preparamos um Manual de Crise só para a construção do Novo Complexo. Foram realizadas várias reuniões de levantamento de  situações que poderiam acontecer, e as medidas paliativas para que não acontecesse e no caso da ocorrência qual seria a medida corretiva pelo Hospital.

Além disso, durante estas reuniões decidiram-se alguns cuidados na obra:

•    Poeira: demolição manual da área existente e as paredes eram molhadas para que não levantasse poeira.
•    Ruído: Uso de abafadores e Treinamento dos funcionários que trabalham na obra. Janela dos quartos dos pacientes anti-acústica e poeira.
•    Controle de pragas: dedetização do terreno para evitar pragas durante o período de escavação e construção.
•    Tráfego:
   o Controle de acesso dos caminhões – estacionamento em bolsão da Barra Funda;  
    o Treinamento dos motoristas; 
    o Contratação de caminhões novos; 
    o Lavagem dos caminhões para não sujarem as vias públicas; 
    o Sinalização viária – CET. 

Além disso, o Hospital realizou várias ações envolvendo a comunidade local para minimizar o impacto da construção e intensificar o relacionamento com vizinhos. Para tanto, estes foram convidados a conhecer o projeto, as construtoras, e foi criado um canal de comunicação direto com o Hospital para situações de barulho.

Durante todos os anos de construção, negociamos a não realização de obras aos sábados e festas judaicas como o Rosh Hashaná e Yom Kipur ou ano novo judaico e dia do perdão. O respeito às tradições judaicas se fez importante por ser um Hospital ecumênico, mas presente em um bairro com forte presença da comunidade judaica.

Em todo o período de construção tivemos poucas manifestações de clientes ou da comunidade em relação à obra e todas gerenciadas pela Assessoria e Serviço de Atendimento ao Cliente – SAC, ao todo, 71 ocorrências em quatro anos.  Isso mostra a importância do trabalho preventivo.

O Hospital também realiza anualmente treinamentos de atendimento a catástrofes na região. Já simulou atendimento a briga de torcidas no Estádio do Pacaembu, queda de avião, explosão em shopping, dentre outras situações. Essa é uma maneira do Hospital avaliar seus processos da área de emergência e o fluxo de recebimento de pacientes por transporte aéreo e terrestre, além do atendimento a múltiplas vítimas. 

Também em 2010, o Hospital passou a contar com seu perfil nas redes sociais – Twitter, Facebook, YouTube e Linkedin. Ainda estamos conhecendo essa nova realidade, mas acreditamos que participar é uma forma de democratizar a comunicação e trabalhar com transparência enfrentando os problemas existentes e trabalhando internamente para corrigi-los. 

Estes são alguns exemplos de como o Hospital se prepara e conduz sua atividade voltada para a prestação de serviços a comunidade, sempre com seriedade e respeito ao próximo.

Fonte: Cristina Ambrogi Leite Collina

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Roteirista, o novo protagonista do conteúdo corporativo

Acabou de passar por São Paulo Robert Mackee. Ano passado, ele também esteve pelo Brasil e, naquela oportunidade, fui um de seus ouvintes, num auditório lotado de um shopping paulistano. Pra quem não conhece o Papa dos roteiros de cinema, vale “googlear” (ou ir a http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_McKee). O fato é que uma de suas frases sempre retwittam na minha memória: se você vai gastar um ano escrevendo um roteiro, planeje 10 meses para se debruçar sobre uma única folha de papel, organizando as idéias e cenas. Em poucas palavras: vale menos o texto; o que diferencia um projeto é a ideia, o conceito.

Roteiristas não habitavam o universo das produtoras. Na Conspiração tornaram-se personagens frequentes, ou mais: protagonistas do processo (e do sucesso!). E não apenas porque temos efervescentes núcleos voltados à criação e produção de cinema e de TV. Na criação e no desenvolvimento de conteúdos de marca e corporativo, a figura do roteirista também é central. E espera-se dele muito mais do que criação. Um roteirista de conteúdo corporativo deve ser, por definição, um generalista – entender razoavelmente de muitos assuntos, mais ou menos como um jornalista; deve ter capacidade de síntese, de receber materiais extensos e avaliar o que de melhor deve ser repassado adiante; deve ser bom de pesquisa e de entrevistas; ter uma boa visão de marketing; compreender a estratégia do cliente; deve ser bom em organizar informações; ser um craque ao escrever, mesmo que em linguagem oral, isto é, texto para ser lido...

Bem, se no primeiro parágrafo eu citei o cinema, no segundo eu diria que descrevi um de seus heróis: o Super-Homem. Encontrar um profissional com tantos superpoderes assim é mesmo coisa de roteiro de ficção. Eles até existem, mas está na expertise de uma boa produtora de conteúdo saber identificar e reconhecer talentos distintos, que se adequam a diferentes tipos de trabalhos. No processo de conteúdo de marca, portanto, precisamos não apenas de roteiristas, no sentido restrito da palavra, mas também de profissionais brilhantes em outras capacidades, como a de pesquisa, por exemplo. Existem roteiristas de conceito geniais; e igualmente brilhantes pesquisadores – pessoas que, a partir de um briefing proposto, trazem um número tal de informações que se torna mais fácil, ou ao menos mais seguro, o ato de criar ideias e conceitos.

Outro profissional imprescindível neste processo de construção de conteúdo de marca é o “roteirista de campo”. Falo do redator de roteiros com alma de repórter, do tipo que (homem ou mulher) se faz a barba cai serragem. Cara de pau mesmo, que lidera equipes de captação em eventos, aborda pessoas em fábricas... Há ainda os roteiristas mais afeitos a trabalhos de texto aspiracional; outros mais técnicos... E por aí vai. Só não aceito que falem em identificação mútua entre empresas e redatores. Definitivamente, não existem roteiristas que nasceram pra escrever pra determinada empresa... Isso é romantismo demais; profissionalismo de menos. 

Uma produtora de conteúdo de marca, como já disse, deve identificar no mercado e formar em seus quadros roteiristas capazes de atender a diferentes demandas, e a diferentes marcas. Mas deve também saber entender a especificidade de cada um – seja roteirista ou empresa. 

Afinal, um roteiro imperfeito destrói, de saída, qualquer projeto de superfilme. 

É criptonita pura.

Fonte: Claudio Henrique

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Comunicadores como mestres-cuca



Cozinheiros seguem receitas, mestres-cuca as transformam. De nada adianta uma receita sem o talento e a mão do chef. Da mesma forma, não adianta ter informações se não soubermos o que fazer com elas, sem acrescentar aquele ingrediente secreto e transformá-las em conteúdos, conceitos e significados.

Nas mãos de comunicadores talentosos, os ingredientes informativos são aprimorados e acrescidos de sentidos através de uma porção de criatividade. Eles associam e misturam ingredientes especiais até atingir a deliciosa técnica de se expressar, saindo um discurso fresquinho, recheado de sentidos!

O sentido é o tempero mais caro que existe na arte culinária da comunicação. É ele que dá o toque especial na preparação e na degustação de qualquer mensagem. O ingrediente secreto que dá liga à massa de informações desconexas e que oferece um sabor diferenciado e especial. Até mesmo em simples sopas de letrinhas.

Um bom mestre-cuca é um artífice que cativa pela língua. Mas ele não nasce sabendo fazer um prato irresistível e suculento, daqueles de dar água na boca. Para ser bom, ele precisa de talento, dedicação, bom gosto, conhecimento e uma coleção de livros de receitas gastronômicas.

Um bom comunicador é um artífice que cativa pela Língua. Mas ele não nasce sabendo fazer uma mensagem fluente e irresistível, daquelas de dar brilho nos olhos. Para ser bom, ele precisa de talento, dedicação, conhecimento e uma coleção de livros de receitas teóricas, noticiosas, modernas, além de culturais e poéticas.

O comunicador precisa conhecer de tudo um pouco e interessar-se pelos mais diferentes assuntos e obras para ter matéria-prima suficiente para associar ideias e, com isso, ser criativo e gerar sentido.

Bons cozinheiros são eternos aprendizes da alquimia culinária. Eles colocam a mão na massa, fazem misturas, associando sabores, cores e aromas para transformar ingredientes em um magnífico prato, recheado de prazeres, capazes de causar uma experiência positiva e memorável a quem o saboreia.

Bons comunicadores são eternos aprendizes da alquimia discursiva. Eles colocam a mão na massa, fazem misturas, associando expressões, pensamentos, memórias e conceitos para transformar palavras em um magnífico discurso, recheado de sentidos, capazes de causar uma experiência positiva e memorável a quem o saboreia.

O comunicador de qualidade conhece o gosto de seu público e sabe fazer, especialmente para ele, associações de ingredientes vocabulares na medida certa, sabendo também o ponto de “tirar do fogo” o discurso, publicando-o, quentinho, prontinho para aconselhar, envolver, encantar e vender uma ideia.

Agora, aproveite suas habilidades para aprimorar esta receita de como fazer um delicioso e nutritivo discurso recheado de sentidos. Bom apetite, leitor:

Os ingredientes da boa comunicação

Para se fazer um discurso recheado de sentidos, você vai precisar de:
-porções generosas de conhecimentos, conteúdos e ideias
-1 porção de talento
-1 pitada de criatividade
-1 proposição
-argumentações de qualidade
-porções generosas de sentidos

Modo de fazer

Primeiro, pré-aqueça todos os conhecimentos, conteúdos e ideias dispostos em sua mente. Faça associações e adaptações até dar o ponto de liga do que a empresa deseja comunicar com o gosto do público. Acrescente uma proposição que traduza os valores da empresa e ponha uma pitada de criatividade para envolver. Seja criativo, use o que tiver à mão, desde que possa ser relacionado e adaptado ao produto, serviço ou marca referente.

Reserve.

Prepare o recheio. Muito conteúdo e significado. Mas que sejam arejados. Deixe a mensagem fluir, respirar. Seja denso, porém objetivo. Seja claro. Afirme. Despeje cuidadosamente os argumentos naquela sua proposição reservada, acrescentando sentido até atingir o ponto de envolvimento. Eles devem ser dispostos de maneira fluente, para que fiquem incorporados no conteúdo e realcem os significados. 

Serve bem os públicos da empresa.

Fonte: Emiliana Pomarico Ribeiro

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comunicadores! Participem da virada das Relações Públicas!

Tem muito tempo que sonho com essa virada que agora vai realmente acontecer. O CONFERP está realizando uma consulta junto aos profissionais registrados e a todo o universo envolvido nas relações públicas e nas áreas de comunicação social para dar condições a profissionais de notório saber na área de se registrarem nos CONRERPs regionais. 

Depois de ouvir profissionais, consultar juristas, pesquisar o que é feito em outros conselhos de categoria profissional e como se comporta o universo global, com a maior transparência, profundidade e bom senso – condições intrínsecas ao profissional de RP - o presidente do Sistema CONFERP, Flávio Schmidt, lançou um hot site onde todos podem opinar sobre os critérios adotados para essa virada institucional fantástica. 

Aqueles profissionais, não graduados nas Relações Públicas, poderão requisitar registro nos CONRERPS regionais, desde que sejam pós-graduados lato e stricto senso ou tecnólogos em curso superior considerado de qualificação e de acordo com os princípios definidos pelo CONFERP. Além disso, os profissionais que se interessarem no registro vão se submeter a um exame preliminar de proficiência a ser realizado pela Comissão Acadêmica instalada para tal. Com isso, teremos ao nosso lado grandes nomes do jornalismo, da comunicação corporativa, da administração de crises, da organização de eventos, da criação e produção de projetos sociais, ambientais e culturais, da publicidade que hoje formam uma grande massa inteligente que se movimenta ao redor das relações públicas. Com esta adesão, ganharemos mais valor e força - capacitação e quantificação - para nivelar nossa atividade par a par com outras profissões estratégicas e imprescindíveis.

Porque estou caracterizando esta medida como uma virada?  Todos têm a ganhar!A sociedade, a academia,o mercado e os futuros profissionais.

1º. Creio que os atuais profissionais registrados só têm vantagens com a flexibilização e a abertura que a medida propicia. Sua área de ação e de interlocução vai abranger um universo muito maior no mercado e aportar maior entendimento sobre as Relações Públicas. Tenho certeza que a profissão - com toda a segmentação que vai abrigar - será mais valorizada no mercado e que a academia vai lutar pela qualificação do ensino para se adequar aos princípios da Comissão Acadêmica que o CONFERP vai instalar. E vai se motivar com esta oportunidade para abrir mais cursos de graduação e mestrado. 

2º. Os novos colegas vão poder participar dos benefícios do registro no conselho da categoria que é uma das 62 profissões regulamentadas por lei, num cenário de 2.512 ocupações que constam do Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego. Seu ordenamento legal obriga o Estado – nas suas três instâncias: federal, estadual e municipal - a abrir concursos públicos para contratar profissionais de RP. A iniciativa privada também deve cumprir a legislação, estar regular e sujeita à inspeção, hoje uma fiscalização mais inteligente. Vão também ganhar um código de conduta ética com força de lei, se o mercado infringir os preceitos legais do exercício da profissão. Esse mesmo código dá poder aos CONRERPs para advertir quem coloca a atividade em situações de desconforto. E mais. O lastro de um conselho que não está aí só para fiscalizar, mas também proteger a sociedade das más práticas profissionais. 

Creio que esta consulta vai ter um resultado positivo. Não vejo nesta medida nada que possa ser ofensivo, anárquico ou criticado. Ao contrário. É uma posição de inclusão profissional muito em dia com as aspirações desta nova ordem social. Entrem no hot site criado pelo CONFERP. Opinem!

Fonte: Lala Aranha

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A comunicação e o trabalho infeliz



Abro o meu texto com uma reflexão acerca do papel do trabalho em nossa sociedade, feita pelo escritor norte-americano William Faulkner, em uma entrevista para a célebre Paris Review1, em 1956.  Sobre o batente nosso de cada dia, o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1949, não mediu as suas palavras: “Na minha opinião, é uma pena haver tanto trabalho no mundo. Uma das coisas mais tristes que existem é que a única coisa que um homem pode fazer durante oito horas por dia, todos os dias, é trabalhar. Você não pode comer oito horas por dia, nem beber oito horas por dia, nem fazer amor por oito horas – você só pode trabalhar por oito horas. E é por essa razão que o homem faz a si mesmo e a todos os outros tão miseráveis e infelizes”.  É atualíssima a discussão sobre a centralidade do trabalho, feita por um dos maiores narradores da literatura norte-americana. O trabalho devorador de tudo a sua volta, com a força de um buraco negro. Fim, e não um dos meios, para tocar a vida para a frente e, com sorte, ser feliz.

Na entrevista, Faulkner deixa clara a sua preocupação em não ter toda a sua vida criativa sugada por um tempo destinado exclusivamente para as metas e a produtividade do mundo organizacional.  Lugar onde, nós sabemos, os objetivos, os rumos, as mudanças, as inovações – tudo isso expresso em números e percentagens, que, na maioria das vezes, não são causas compreendidas pelos empregados – indivíduos vistos como uma massa homogênea, sentida e monitorada por um feixe de índices que estruturam indicadores de ambiência e de felicidade.  Transformados em rankings produzidos pela indústria editorial que servem como artifício psicológico e institucional para legitimar do ponto de vista de quem toma decisões dentro dos escritórios e das fábricas, os sistemas produtores da desumanização em massa. 

A infelicidade no mundo atual é, também, consequência da eleição do trabalho como único centro da vida cotidiana. Ser apenas trabalhador é ser insustentável frente a uma realidade social - além das empresas e instituições - que demanda pessoas que valorizem a criação, o humor, a intuição, as artes, as afetividades e as narrativas semeadas de paixões. 

A comunicação empresarial, principalmente na sua vertente direcionada aos empregados, transformada em um manual de narrativas estéreis e frias, em que a ordem é o tom, é expressão de uma administração insensível e datada.  Os temas de uma nova administração devem passar pela afetividade, o convívio (assentado no consenso e no dissenso), a comensalidade, a fruição, o tempo para pensar. E expressiva desses temas será uma comunicação com os empregados que combata a miséria e a infelicidade, geradas do trabalho que se arvora como único produtor de nossas identidades.  Uma comunicação com os empregados que não coloca em xeque o significado do trabalho no mundo não é relevante. É apenas um passatempo para comunicadores esmagados pela rotina de trabalho

domingo, 2 de outubro de 2011

Críticos e passivos

É comum, com tanta informação, passarmos por um período de anestesia.

Seja no âmbito regional ou global, a informação flui de modo mais acelerado, e isso não é novidade para nenhum de nós. O problema está em um dos possíveis resultados desta hiperestesia informativa, ou seja, estar informado nos parece uma ação.

Para ser mais claro, é como se apenas o fato de acompanhar notícias na mídia e nos blogs sobre a crise na Grécia fizesse com que algumas pessoas se sintam politicamente engajadas e ativas. As pessoas se convencem de que se engajaram e acompanham escândalos no senado, conflitos armados nas cidades brasileiras e tantos outros pontos de suas casas, com suas várias telas e redes. Saber que acontece é quase um dogma naquela sociedade da informação de anos atrás. 

São tantos tuítes e comentários em redes sociais. Somos agentes da informação, sim, mas por vezes profissionais e público se satisfazem com a sutileza e o sarcasmo no Facebook, uma foto com um comentário divertido no Orkut. Uma piadinha matinal do Twitter resolve a necessidade de participar do mundo. Criticamos mas permanecemos sentados.

Tanto quanto assistir ao telejornal e comentar com alguém não é algo completamente transformador, tuitar os problemas do mundo, mas não se dedicar a nenhum deles de modo participativo leva a um resultado similar.

Nas empresas isso não é diferente.

O presidente anuncia os números de vendas ou da pesquisa de satisfação, por exemplo, e muitos já sentem que fizeram muito apenas ao responder aquelas perguntas.

Como fazer com que a informação não seja, em casos como estes, uma anestesia dentro do processo dialógico? Parte da resposta pode estar no esforço para reverter a desvalorização do fluxo comunicacional, que inclusive é estimulado por muitos profissionais das áreas humanas que, encantados com algumas bandeiras levantadas por escolas como a behaviorista, ainda acreditam em um fluxo de convencimento e motivação originado exclusivamente nos grupos emissores de líderes ou gestores.

O comprometimento vai além da pura informação, mesmo que ela venha revestida de um layout magnífico e trate inclusive de bônus por metas ou de qualquer benefício explícito.

Isso se torna claro a cada vez que um companheiro de trabalho conta que está de partida para o tão falado novo desafio dos que pedem as contas. Quantos não deixam anos de história conjunta por acreditarem que os valores não evoluíram ou que a prática já se distanciou por demais do discurso corporativo?

Cada nova onda de informações sobrepostas faz com que os colaboradores prestem menos atenção aos detalhes, presos à necessidade de ver tudo, saber de tudo. O paradoxo do conhecimento, muito claro na academia, que indica que ao se aproximar muito de algo, inevitavelmente, perde-se a visão dinâmica do todo, e ao se distanciar para conquistar a percepção holística chegamos à perda da especificidade e do detalhamento, mostra-se plenamente aplicável em casos assim.

Informar os benefícios, informar as metas, informar os valores. Publicar o balanço, publicar algumas histórias, publicar fotos e conquistas. Tanta emissão e ainda pressupomos que engajamos. 

É momento de revisão da qualidade das nossas comunicações. Mais do que necessária, a revisão do trabalho do comunicador carece de reflexões constantes. Os modelos e padrões muito bem servem para uma comunicação administrativa, com objetivos bem definidos e tangíveis, mas quando entramos no âmbito humano, intangível, subjetivo, já não é suficiente tratar o público com mudanças de letras e palavras, é preciso ir mais a fundo e deixar de comunicar e passar a conversar, mas que informar não seja um processo estanque, mas o início de uma ação, conjunta, plástica e transformadora.

Fonte: Mauricio Felício