segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A comunicação empresarial e o sentido do trabalho


Em uma pesquisa realizada em 2006 para minha dissertação de mestrado pude comprovar que o trabalho ocupa uma posição central na vida das pessoas e “mesmo que elas ganhassem muito dinheiro ao ponto de dispensá-las da atividade laboral, mesmo assim elas continuariam trabalhando”, conforme Estelle Morin. O que significa isso? Significa que o trabalho é um elemento essencial da condição humana e dar sentido ao trabalho também é papel da comunicação empresarial. 

Os estudos sobre os sentidos do trabalho surgiram de forma mais estruturada a partir da década de 1980, na psicologia organizacional, e têm como um dos principais estudos a pesquisa do grupo MOW - Meaning Of Work (1987), realizada em oito países.

Morin (2002, p. 73) pode, a partir de uma atualização do estudo do grupo MOW, constatar que um trabalho que tem sentido é feito de maneira “ eficiente e gera resultados, é intrinsecamente satisfatório, é moralmente aceitável, é fonte de experiências de relações humanas satisfatórias, garante segurança e autonomia e é aquele que nos mantém ocupados”. Segundo a autora (p. 75), “para que um trabalho tenha sentido é importante para quem o realiza saber para onde ele vai conduzir, e que seus objetivos sejam claros e valorizados para quem os realiza”. 

A constatação de Morin aponta para uma das funções da comunicação empresarial, que é gerar integração na organização. A integração contribui decisivamente no alinhamento entre a estratégia e a execução, conseqüentemente imprime uma redução de variedade nos resultados empresariais planejados, na relação com os objetivos e metas definidos numa visão de médio e longo prazo. 

Na medida em que as atividades se especializam e se subdividem em operações menores, os trabalhadores vão se distanciando cada vez mais do produto final do seu trabalho e como conseqüência esse trabalho começa a perder sentido, gerar alienação nos trabalhadores e reflexos negativos na consecução da estratégia empresarial. Perde-se o foco.

Uma das principais discussões na atualidade acerca da gestão da comunicação empresarial e o sentido do trabalho refere-se à necessidade de uma visão participativa, inclusiva, entendendo a organização como um espaço de, e, para a construção de significado de forma coletiva.

Nessa perspectiva, a comunicação, deixa de ser apenas o instrumento cujo objetivo maior é o de gerar conformidade e obediência às diretrizes previamente estabelecidas pela organização, mas considera o trabalhador de forma integral, englobando-os como atores em seus meios de interação e considerando a macro estrutura do contexto empresarial. Na prática torna os trabalhadores protagonistas da ação empresarial. 

Para isso é importante conciliar intersubjetividade e razão instrumental na construção de sentido, considerando que cerca de oitenta por cento dos respondentes afirmou na minha pesquisa de mestrado que a boa comunicação depende mais das pessoas e do diálogo, do que das ferramentas de comunicação (jornais, vídeos, intranet etc.). 

Portanto, dar sentido ao trabalho pode demandar oitenta por cento mais solas de sapato e saliva, que recursos impressos e audiovisuais. Uma vantagem é a economia de cadeiras, a outra, e talvez principal vantagem, é que isso não custa nada a mais no salário da liderança. É sua atribuição.

Fonte: Paul Edman

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